O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (24) que considera normal a divergência de pensamento entre ele e líderes europeus, como o presidente francês Emmanuel Macron, sobre como abordar a guerra na Ucrânia. Lula afirmou que os europeus estão nervosos por vivenciar a guerra de perto.
O jornal Libération estampou a manchete "A decepção" em matéria sobre a postura de Lula a respeito da guerra provocada por uma invasão da Rússia, em fevereiro de 2022. Ele também foi definido como "falso amigo do Ocidente".
— Eu não fico chateado quando um europeu, no caso da guerra, pensa diferente de mim. Eles estão no centro da guerra, eu estou a 14 mil quilômetros de distância. É muito normal que eles estejam muito nervosos, porque estão vivenciando a guerra e sofrendo as consequências mais imediatas, e com preocupação do que vai acontecer — disse Lula, ao fazer um balanço à imprensa sobre a viagem, antes do voo de retorno a Brasília.
— Vai chegar um inverno e a energia vai ficar mais cara. Eles vão comprar de quem? Eles têm que estar mais preocupados, mais nervosos, e ter um pensamento diferente do meu — acrescentou o presidente.
Lula voltou a repetir um raciocínio que incomodou e provocou duras reações dos Estados Unidos e da União Europeia. O presidente disse que "mesmo quem defende a guerra, mesmo quem ajuda a Ucrânia, quer a paz".
Essa declaração ecoa uma anterior de Lula, no retorno de viagem à China, quando afirmou que o Ocidente incentivava a continuidade do confronto ao fornecer armas e dinheiro para a Ucrânia se defender das tropas russas.
O presidente ponderou que, embora o Brasil tenha votado condenando a invasão russa no âmbito das Nações Unidas, isso não implica em fomentar a guerra. Lula se propõe a facilitar negociações de paz entre Kiev e Moscou, mas avalia que os dois governos no momento entendem ser capazes de vencer a guerra no campo de batalha.
— Em algum momento eles vão sentar e vão precisar de interlocutores com muita responsabilidade para tentar negociar. O Brasil está participando — afirmou o presidente brasileiro.