A Justiça eleitoral do Paraguai descartou nesta terça-feira (2) a possibilidade de fraude nas eleições presidenciais de domingo. A hipótese foi levantada pelo candidato do partido de extrema direita, Paraguayo Cubas, cujos apoiadores se manifestaram em diversos pontos do país.
Segundo a autoridade eleitoral, o conservador Santiago Peña, do Partido Colorado, venceu com 42% dos votos seu principal rival, Efraín Alegre, da opositora Concertación Nacional, que acumulou 27%. Cubas obteve 22%.
— Não há nenhuma possibilidade de fraude. Os resultados das eleições são expressões da cidadania, gostemos ou não — disse Carlos Ljubetich, porta-voz do tribunal, em coletiva de imprensa nesta terça.
— Se os representantes legais tiverem alguma prova e denúncia formal de fraude, pode-se solicitar a abertura da terceira ata que está em posse dos juízes eleitorais para comparar os resultados — explicou.
A polícia relatou pelo menos 70 detidos, dos quais 54 foram acusados de "perturbação da paz pública", entre outros crimes, informou um porta-voz da Procuradoria-Geral do Estado sobre os incidentes de segunda e terça-feira.
Cubas, ex-candidato à Presidência do Paraguai pela Cruzada Nacional, convocou a mobilização de seguidores denunciando "uma fraude monumental" a favor do governista Peña. Ljubetich rejeitou essa possibilidade.
— Na prática, ninguém diz onde foi a fraude, só dizem estar seguros de ter tido mais votos, mas isso acontece com todos os candidatos e isso não pode ser uma justificativa para declarar que houve fraude; então, revisemos as atas e façamos o que cabe — afirmou.
O presidente eleito do Paraguai, o conservador Santiago Peña, também fez um apelo à tranquilidade e pediu segurança ao governo para garantir a legitimidade do sufrágio.
— Vínhamos anunciando que havia alguns atores que não reconheceriam o resultado eleitoral — disse Peña em coletiva de imprensa.
Os partidários de Cubas provocaram destruição, incêndios e lançaram pedras em confrontos com a polícia. Nas redes, voltaram a convocar a mobilização permanente em frente ao tribunal onde é realizada a contagem oficial de votos.
Presidente eleito pede calma
— O que hoje pedimos ao governo é a segurança e a tranquilidade que todos precisamos — expressou o futuro chefe de Estado, de 44 anos, que terá um mandato de cinco anos a partir de 15 de agosto, em substituição ao presidente Mario Abdo Benítez.
Peña apresentou à imprensa dois representantes que serão responsáveis pela transição com o governo atual. Segundo Peña, os partidários de Cubas podem estar insatisfeitos com o resultado da votação de domingo, mas essa raiva "não pode ser resolvida simplesmente dizendo: vamos incendiar o país".
A missão de observação da Organização de Estados Americanos (OEA) afirmou em relatório preliminar nesta quarta-feira que "não existe nenhum motivo para questionar os resultados apresentados pela autoridade eleitoral". Os resultados comunicados pelas autoridades "coincidem com as informações colhidas por nossos observadores", declarou o chefe da missão de observadores da OEA, Luis Lauredo.