O presidente da Argentina, Alberto Fernández, que veio ao Brasil pedir auxílio para enfrentar a grave crise no país, se reuniu por mais de quatro horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta terça-feira (2). Apesar da expectativa entorno do encontro, os dois presidentes não chegaram a um acordo que viabilizasse a liberação de recursos brasileiros para a Argentina.
Lula disse que vai conversar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reduzir a pressão sobre o país vizinho e com os países do Brics – grupo de países emergentes formado por Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul –, para viabilizar ajuda por meio de garantias do banco que é presidido por Dilma Rousseff.
— Me comprometi com meu amigo Alberto Fernández que vou fazer todo e qualquer sacrifício para que a gente possa ajudar a Argentina neste momento difícil — disse Lula.
O encontro entre Lula e Fernández não foi tratado como uma visita oficial de chefe de Estado, mas, sim, como um encontro de cortesia com o presidente argentino. A reunião foi idealizada para que os dois países cheguem a termos de cooperação e medidas que ajudem a recuperar a economia argentina.
— O companheiro Fernández chegou bastante apreensivo, mas vai voltar mais tranquilo. É verdade, sem dinheiro, mas com muita disposição política — afirmou Lula ao final do encontro.
Lula disse que vai buscar uma solução para financiar empresários brasileiros que exportam para a Argentina. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou mais cedo nesta terça-feira que uma das propostas é oferecer linhas de crédito para os empresários brasileiros que exportarem para a Argentina – hoje, com a crise no país vizinho, os exportadores brasileiros estão com dificuldades para receberem. Com o financiamento, eles receberiam do governo brasileiro, e a Argentina pagaria depois.
Além de financiar exportações, Lula disse ainda que uma alternativa é o Banco dos Brics dar garantias ao Brasil no financiamento aos exportadores. O brasileiro disse ter procurado Dilma para estudar formas de viabilizar empréstimos a países de fora do bloco econômico, como a Argentina. Mas Dilma teria afirmado que o estatuto da instituição impede este tipo de aporte, mas que, após discutir o tema com o ministro das Relações Exteriores da China, sugeriu que os governadores da instituição avaliassem a mudança do artigo que define essa regra. A ideia é que o Banco crie um fundo para dar garantia aos membros dos Brics que optem por conceder empréstimos a países em situação de fragilidade econômica.