O ex-candidato à presidência Paraguayo Cubas, que denunciou uma fraude após ter ficado em terceiro lugar nas eleições de domingo no Paraguai, foi detido nesta sexta-feira (5), de forma preventiva, sob acusações de perturbação da tranquilidade pública, informou a Polícia.
Cubas não resistiu à prisão, feita na cidade de San Lorenzo, arredores de Assunção. Ele foi detido na sede do Agrupamento Especializado da Polícia, informou o comissário Gilberto Fleitas, comandante da Polícia Nacional.
A prisão preventiva de Cubas, ex-legislador de direita e antissistema, foi realizada por ordem do Ministério Público do país. Entre terça-feira e sexta-feira, as forças de ordem prenderam mais de uma centena de apoiadores de Cubas, líder do movimento Cruzada Nacional, sob as mesmas acusações.
O ex-candidato não apresentou nenhuma contestação formal, mas gravou o momento em que foi detido e levado por uma viatura policial.
Em um vídeo de 21 minutos de duração divulgado no Facebook, mostrou-se algemado e disse: "Assim teria que estar (o ex-presidente Horacio) Cartes, assim teria que estar (o mandatário eleito) Santi Peña".
Cartes, um rico empresário do setor do tabaco, padrinho político de Peña, foi declarado como "significativamente corrupto" pelos Estados Unidos em 2022.
Cubas, um advogado de 61 anos, havia pedido a seus apoiadores, por meio das redes sociais, que não reconhecessem o resultado das eleições, vencidas pelo economista Santiago Peña, do governista Partido Colorado (conservador).
Peña obteve 42,7% dos votos, contra 27,4% de seu principal rival, Efraín Alegre, da coalizão de centro-esquerda Concertación Nacional. Cubas ficou com 22,9% dos votos.
À espera de provas
As eleições presidenciais, legislativas e de governadores, foram observadas por missões da Organização dos Estados Americanos e da União Europeia.
A OEA afirmou em seu informe preliminar que "não existe nenhuma razão que ponha em dúvida os resultados apresentados pela autoridade eleitoral".
Tania Marques, chefe adjunta da missão da UE, disse que há várias denúncias e queixas, ainda que nenhuma tenha sido formalizada até agora.
— Seguimos observando o processo eleitoral. Estamos em contato com os representantes do terceiro colocado, o partido Cruzada Nacional. Temos tido reuniões com eles — disse Marques à AFP.
— Apresentamos uma queixa no Ministério Público, no Tribunal Eleitoral, mas não oficializado. Estamos esperando as evidências, as provas que dizem ter — acrescentou.