A ONU expressou sua preocupação nesta sexta-feira (24) com a expansão da atividade de gangues armadas, que ocorre impunemente em Porto Príncipe há vários anos, ao vale de Artibonite, principal região agrícola do Haiti.
"As gangues criaram um clima de terror, caracterizado por roubos, assassinatos, sequestros, destruição, extorsão, sequestro de caminhões de carga e atos de estupro contra meninas e mulheres", alertou o escritório da ONU no Haiti em um comunicado.
Desde outubro, a ONU registrou "pelo menos 69 assassinatos a tiros e 83 feridos" nesta região rural, localizada cerca de 100 quilômetros ao norte da capital, Porto Príncipe, onde "os produtos agrícolas e o gado são sistematicamente roubados".
A última onda de violência, desencadeada no final de janeiro pela gangue Baz Gran Grif, incluiu um ataque a uma delegacia de polícia que matou sete policiais, segundo o comunicado.
A ONU também relata que policiais de pelo menos cinco delegacias da região "foram forçados a fechar as portas" de suas delegacias.
Milhares de moradores foram forçados a fugir de suas cidades devido à violência, e a ONU disse estar preocupada com as consequências humanitárias da rápida disseminação do crime naquele departamento haitiano.
Por muito tempo restritas aos bairros empobrecidos da costa da capital, as gangues aumentaram seu controle sobre todo o Haiti desde 2020, agora controlando mais da metade do território.
Esses grupos criminosos realizam sequestros diários na área metropolitana de Porto Príncipe, exigindo dezenas ou mesmo centenas de milhares de dólares das famílias de suas vítimas, que muitas vezes são agredidas sexualmente durante o cativeiro.
Em 2022, a ONU registrou 1.359 sequestros e mais de 2.000 mortes no Haiti, um terço a mais que no ano anterior.
* AFP