Um avião de combate americano derrubou neste sábado (4) um balão chinês que sobrevoava os Estados Unidos há dois dias e é acusado por Washington de realizar atividades de espionagem. A informação foi confirmada à tarde por autoridades militares dos EUA. Um fotógrafo da agência Reuters relatou a ação, testemunhando a queda do artefato na costa do Estado da Carolina do Sul.
— A ação deliberada e legal de hoje mostra que o presidente Biden e sua equipe de segurança nacional sempre colocarão a segurança do povo americano em primeiro lugar e responderão de forma eficaz à violação inaceitável da nossa soberania por parte da República Popular da China — declarou o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin.
O presidente dos EUA Joe Biden parabenizou em Maryland os pilotos do caça por terem derrubado o balão no espaço aéreo americano. Mais cedo, ainda neste sábado, Biden afirmou que o país iria "se encarregar" do caso. Foi a primeira vez que o democrata se pronunciou sobre o incidente, que levou a uma nova escalada de tensões entre EUA e a China, culminando com o adiamento de uma viagem a Pequim do secretário de Estado, Antony Blinken, originalmente marcada para este fim de semana.
Biden deu a declaração ao responder um repórter que questionava se o Exército pretendia derrubar o balão de alta atitude, que o governo diz ter claramente violado a soberania dos EUA ao adentrar o território americano. Militares haviam considerado derrubar o artefato, mas decidiram não fazê-lo devido ao risco de os destroços atingirem a população em solo. O artefato teria o tamanho de três ônibus.
O democrata não especificou, no entanto, quais eram os planos para o balão — segundo o serviço de previsão meteorológica AccuWeather, o objeto estava a caminho do oceano Atlântico e deveria sair do espaço aéreo americano na noite de sábado.
Momentos antes da derrubada do balão, a Administração Federal de Aviação (FAA) havia anunciado o fechamento de ao menos três aeroportos na região, interrompendo voos civis no espaço aéreo no entorno desses terminais, citando um "esforço de segurança nacional". Os aeroportos atingidos pela medida ficam na costa leste, próximos ao litoral do Estado da Carolina do Sul. Em comunicado, a FAA alertou que os militares podem agir se aeronaves violarem as restrições ou não atenderem a ordem de se afastar.
Entenda o caso
O primeiro balão foi detectado pelas autoridades norte-americanas na quinta-feira (2), quando sobrevoava o estado de Montana. Na sexta (3), o Pentágono afirmou que um segundo "dispositivo de vigilância" chinês estava sobrevoando a América Latina. A descoberta levou à suspensão de uma visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Pequim.
"Observamos relatos de um balão transitando pela América Latina. Avaliamos agora que é um outro balão de vigilância chinês", informou o porta-voz do Departamento de Defesa, Pat Ryder, sem especificar a localização exata do balão.
Na tarde de sexta, o Ministério das Relações Exteriores da China confirmou que o balão que sobrevoou o espaço aéreo dos Estados Unidos sem autorização era de fato chinês, mas que seria utilizado somente para fins de pesquisas meteorológicas e que teria entrado no território americano por acidente.