Após vitória eleitoral no domingo (25), pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Itália será governada por um líder pós-fascista. A formação liderada por Giorgia Meloni, 45 anos, intitulada de Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia) conquistou uma grande vitória nas eleições legislativas, passando de modestos 4,3% obtidos há quatro anos para cerca de 25%, um resultado sem precedentes, de acordo com pesquisas de boca de urna.
Nascida em 15 de janeiro de 1977, em Roma, Giorgia é militante desde os 15 anos em associações estudantis classificadas como de extrema direita, enquanto trabalhava como babá e garçonete.
Em 1996, tornou-se líder do sindicato Azione Studentesca, cujo emblema era a Cruz Celta, símbolo adotado pelo movimento nacionalista branco. No ano de 2006, ela obteve o certificado de jornalista e também foi eleita deputada e vice-presidente da Câmara dos Deputados. Dois anos mais tarde, Giorgia foi nomeada ministra da Juventude no governo de Silvio Berlusconi.
A representante do pós-fascismo, que não tem medo de defender uma direita pura e dura, identifica-se com o lema "Deus, pátria e família" e promete lutar contra os grupos de luta por direitos da comunidade LGBT+ e as "teorias de gênero".
Juntamente com seus aliados, ela promete cortes de impostos e o bloqueio dos imigrantes que cruzam o Mediterrâneo, além de uma política familiar ambiciosa para aumentar a taxa de natalidade em um dos países com mais idosos no mundo.
A ascensão de Giorgia se deve em grande parte ao fato de ela ter sido a única que se opôs ao governo do economista Mario Draghi por 18 meses, o que a favoreceu em recolher o descontentamento dos italianos diante da inflação, das consequências da guerra na Ucrânia e de restrições durante a pandemia de covid-19.
Fundada no fim de 2012 com ex-apoiadores de Berlusconi e figuras da direita neofascista, a formação Irmãos da Itália superou o Partido Democrático (PD), de Enrico Letta, que estabeleceu apenas uma aliança com um pequeno setor da esquerda ambientalista.
A vitória de uma líder antieuropa e nacionalista levanta muitas questões no continente e muda a face da Itália, uma vez que colocaria em questão sua posição sobre a União Europeia (UE), pois Giorgia defende a revisão de seus tratados e até a sua substituição por uma "confederação de Estados soberanos".