O papa Francisco intercedeu junto à Rússia para acelerar a libertação de cerca de 300 prisioneiros ucranianos — revelou o sumo pontífice, em uma conversa com os jesuítas realizada no Cazaquistão e publicada nesta quinta-feira (29).
A conversa aconteceu em 15 de setembro, com um grupo de cerca de 20 religiosos e foi publicada pela revista jesuíta italiana Civilta Cattolica. O pontífice disse que, para isso, recebeu um grupo de "enviados ucranianos" no Vaticano.
— Também vieram um chefe militar encarregado da troca de prisioneiros e um assessor religioso do presidente Zelensky. Dessa vez, eles me trouxeram uma lista de mais de 300 prisioneiros — afirmou o Papa.
— Eles me pediram que fizesse alguma coisa para conseguir uma troca. Liguei imediatamente para o embaixador russo para ver se algo podia ser feito, se uma troca de prisioneiros poderia ser agilizada — contou.
A publicação destas declarações aos religiosos que trabalham, sobretudo, na Rússia e em Belarus, ocorre uma semana após o anúncio da maior troca de prisioneiros militares entre Ucrânia e Rússia desde o início da guerra.
O Papa também falou de sua visita à embaixada russa no Vaticano no dia seguinte ao início da invasão à Ucrânia, no final de fevereiro.
— (Eu ) disse ao embaixador que gostaria de falar com o presidente Putin, mas com a condição de que ele me deixasse uma pequena janela aberta para o diálogo — confessou o Papa.
Desde 24 de fevereiro, início do conflito, a Santa Sé tenta manter um delicado equilíbrio diplomático com os dois países, condenando uma guerra "cruel e sem sentido", sem romper abertamente com a Rússia.
— Aqui, a vítima desse conflito é a Ucrânia. Me proponho a refletir sobre por que essa guerra não foi evitada. E a guerra é como um casamento, de certa forma. Para entendê-la, é preciso investigar a dinâmica que desencadeou o conflito. Há fatores internacionais que contribuíram para provocar a guerra — explicou aos jesuítas.