Quatro regiões da Ucrânia sob controle quase total ou parcial das forças russas votam até esta terça-feira (27) em referendos sobre sua anexação à Rússia. As votações foram denunciadas como "farsas" por Kiev e seus aliados — os países do G7, por exemplo, prometeram não reconhecer os resultados.
A seguir, veja dados sobre as regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporizhia e Kherson:
Lugansk e Donetsk
Essas duas regiões de língua russa compõem o Donbass, a bacia industrial da Ucrânia. Entre 2014 e 2022, um conflito na região opôs separatistas leais a Moscou contra forças ucranianas.
Mas em fevereiro de 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência dos separatistas e justificou a invasão da Ucrânia pela necessidade de salvar as populações de língua russa de um suposto genocídio.
A região de Lugansk tinha uma população pré-guerra de 2,1 milhões. Faz fronteira com a Rússia por três lados e, segundo Kiev, cerca de 98% de seu território está sob controle de Moscou desde a ofensiva russa.
Das quatro regiões onde os referendos são organizados, Lugansk é a que a Rússia mais controla, mas o fez à custa de pesadas perdas militares. Desde a contraofensiva ucraniana no início de setembro, que libertou grande parte da região vizinha de Kharkiv, as forças ucranianas recuperaram terreno em Lugansk.
A região vizinha de Donetsk tinha 4,1 milhões de habitantes antes da guerra, e sua capital de mesmo nome é a terceira maior cidade do país.
Antes da invasão russa, cerca de metade da região estava sob controle separatista. Atualmente, 67% de seu território está nas mãos de Moscou e seus aliados, principalmente o porto de Mariupol, destruído pelo cerco e bombardeio das forças russas.
Os combates continuam na região de Donetsk, e a Ucrânia obteve alguns pequenos ganhos em setembro.
Zaporizhia
Essa região que faz fronteira com o Mar Negro abriga a maior usina nuclear do país, no rio Dnipro, e antes da guerra tinha 1,63 milhão de habitantes. Das quatro regiões que realizam referendos, esta é a que tem menos controle russo, com 63% da área ocupada por Moscou e sua administração militar.
Sua maior cidade, também chamada Zaporizhia, está em mãos ucranianas, mas seu principal porto, Berdyansk, está sob controle russo.
A gigantesca usina nuclear foi tomada pelo exército russo em março. Desde então, os dois lados se acusam mutuamente de bombardear a zona, com risco de um acidente nuclear. Constantes apelos à desmilitarização têm sido feitos, até agora sem sucesso.
Kherson
Cerca de 80% desta região, a mais ocidental sob controle de Moscou, e sua capital de mesmo nome, foram tomadas pela Rússia nos primeiros dias da guerra. A região de grande importância agrícola é estratégica para Moscou porque faz fronteira com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
A sua captura, juntamente com a das costas de Zaporizhia e Donetsk, permite à Rússia estabelecer uma continuidade territorial em todas as regiões ucranianas sob o seu controle, incluindo a Crimeia, bem como com o território russo.
A Ucrânia lançou uma contraofensiva na área e teve alguns sucessos nos últimos meses. Em particular, danificou as pontes sobre o rio Dnipro ao redor da cidade de Kherson para cortar as linhas de abastecimento russas.
Além disso, os ataques contra funcionários russos e pró-russos aumentaram, vários dos quais foram mortos.