O furacão Fiona, de categoria 3, atingiu as Ilhas Turcas e Caicos, no Caribe, nesta terça-feira (20), após causar mortes, inundações e sérios danos materiais ao passar por Porto Rico e República Dominicana.
"O furacão Fiona provou ser uma tempestade imprevisível", disse Anya Williams, vice-governadora desse território britânico, à imprensa.
As fortes chuvas e ventos da tempestade não causaram vítimas ou ferimentos graves nas Ilhas Turcas e Caicos, disse Williams, pedindo aos moradores que fiquem dentro de casa.
Fiona se encontra cerca de 50 km a nordeste de Caicos do Norte, a terceira maior ilha do arquipélago, e avança com ventos máximos próximos de 185 km/h, indicou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês).
Até agora, Fiona deixou cinco mortos: um no território francês de Guadalupe; dois em Porto Rico e outros dois na República Dominicana.
O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, declarou três províncias do leste como zonas de desastre: La Altagracia, que abriga o popular balneário de Punta Cana; El Seibo; e Hato Mayor.
Fiona afetou residências e causou sérios danos na infraestrutura de serviços básicos deste país de 10,5 milhões de habitantes. As autoridades reportaram nesta terça-feira que mais de 10.000 pessoas foram evacuadas para "áreas seguras" e que cerca de 400.000 estão sem energia elétrica e 1,2 milhão, sem água.
Imagens da imprensa local mostraram os moradores da cidade de Higüey, na costa leste, com a água pela cintura, tentando salvar seus pertences.
"Aconteceu muito rápido", disse Vicente López à AFP, na praia de Puntacanera, em Bibijagua, lamentando a destruição dos estabelecimentos comerciais no local.
O NHC alertou que "chuvas fortes e inundações repentinas localizadas que põem a vida em risco" continuarão nesta terça-feira em áreas da República Dominicana.
- Danos "devastadores" em Porto Rico -
Em Porto Rico, onde o furacão tocou o solo no domingo, o governador Pedro Pierluisi descreveu os danos causados pela tempestade na terça-feira como "devastadores".
"Isso é difícil, há muitos danos e ainda estamos avaliando a extensão dos mesmos", disse em coletiva de imprensa.
Fiona causou deslizamentos de terra, bloqueou estradas e derrubou árvores, linhas de energia e pontes ao passar pela ilha de três milhões de habitantes, território livre associado aos Estados Unidos.
Na tarde desta terça-feira, apenas 300.000 pessoas tinham eletricidade em suas casas após o apagão geral causado pela tempestade no domingo, informaram as autoridades. Isso representa apenas 20% da população total.
E cerca de 760.000 pessoas permaneciam sem água potável em suas casas como resultado de falta de energia e transbordamento de rios.
Jorge Cintrón, morador de La Parguera, na costa sudoeste do país, sofreu danos materiais em sua casa e em seu negócio, um salão de beleza.
"A experiência foi horrível. Foi muito impressionante sentir os ventos e ver como as coisas foram levantadas", contou à AFP por telefone.
"Destruiu o pátio que eu tinha acabado de reformar. Foi aí que eu chorei, porque depois dos sacrifícios que se faz para ter suas coisas, não é fácil perdê-las. Mas vou me levantar. Se eu tenho minha vida e minha mãe está bem, o resto vem como consequência", disse o homem de 57 anos.
Depois de anos de problemas financeiros e de recessão, em 2017, Porto Rico declarou quebra, a maior já anunciada por uma administração local dos Estados Unidos. Mais tarde, neste mesmo ano, o duplo golpe de dois furacões, Irma e Maria, aprofundou a miséria e devastou a rede elétrica da ilha, que há anos sofre grandes problemas de infraestrutura.
A rede foi privatizada em junho de 2021 em um esforço para resolver a ocorrência de apagões, mas o problema persiste. No início deste ano, por exemplo, toda ilha ficou sem luz.
* AFP