Armênia e Azerbaijão anunciaram nesta quinta-feira (7) a decisão de iniciar os preparativos para negociações de paz, após confrontos recentes na disputada região de Nagorno-Karabakh, no Cáucaso, pela qual entraram em guerra em 2020.
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, e o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, "ordenaram que seus ministros das Relações Exteriores iniciassem os trabalhos preparatórios para as negociações de paz entre os dois países" durante uma reunião em Bruxelas organizada pela União Europeia na quarta-feira, informou a diplomacia armênia em comunicado.
O anúncio ocorre após o ressurgimento de tensões nos últimos dias em torno de Nagorno-Karabakh, território que esses dois países disputam há mais de três décadas.
"Foi obtido um acordo nesta reunião (...) para lançar uma comissão bilateral sobre questões de delimitação de fronteiras", aponta o comunicado armênio, observando que sua tarefa será "principalmente garantir segurança e estabilidade" ao longo da linha que separar os dois países.
Por sua vez, o ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão anunciou que estão sendo realizados trabalhos para iniciar as negociações de paz e que o futuro acordo será baseado "nos princípios anteriormente propostos pelo Azerbaijão".
A presidência russa celebrou como "muito positiva" a notícia, embora o seu porta-voz, Dmitri Peskov, tenha sublinhado que será "um processo muito, muito longo".
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que atuou como mediador, afirmou em um comunicado que "o presidente Aliyev e o primeiro-ministro Pashinyan expressaram sua vontade de avançar rapidamente para um acordo de paz entre seus países".
Olesia Vartanian, analista do International Crisis Group, comentou que o anúncio marca "um grande avanço realizado pelos dois países".
É um "avanço importante e concreto em direção a um acordo de paz, feito pela primeira vez sob a mediação da União Europeia", concordou o analista político Mehman Aliyev.
Em novembro de 2020, um cessar-fogo mediado pela Rússia foi assinado entre a Armênia e o Azerbaijão, encerrando uma guerra de seis semanas entre essas duas ex-repúblicas soviéticas pelo controle desta região.
O conflito, que causou mais de 6.500 mortes, terminou em uma pesada derrota para a Armênia, que teve que abrir mão de importantes territórios que controlava desde sua vitória em uma primeira guerra na década de 1990.
Tanto Yerevan quanto Baku anunciaram nos últimos dias que desejavam retomar os esforços diplomáticos para um tratado de paz.
No final de março, Moscou acusou o Azerbaijão de ter violado o cessar-fogo negociado por Vladimir Putin para encerrar o conflito em 2020. Segundo ele, uma força de paz russa foi implantada em Nagorno-Karabakh.
De acordo com a Rússia, o exército do Azerbaijão ocupou uma cidade e usou drones de ataque. Três militares armênios foram mortos, segundo a Armênia.
Além disso, a Armênia acusou o Azerbaijão de ter cortado o gás em Nagorno-Karabakh, afetando a população em pleno inverno.
O Azerbaijão rejeitou as acusações e insistiu em sua soberania sobre a região. Na noite de terça-feira, na véspera do encontro entre Pashinyan e Aliyev, milhares de armênios desfilaram na capital Yerevan para protestar contra as concessões ao Azerbaijão.
Habitada principalmente por armênios, a região montanhosa de Nagorno-Karabakh, apoiada por Yerevan, declarou sua secessão do Azerbaijão no colapso da União Soviética, provocando um primeiro conflito com mais de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
* AFP