O Ocidente condenou o "ataque imprudente" das forças russas à usina nuclear ucraniana em Zaporizhzhia na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, nesta sexta-feira (4). A acusação foi classificada como "mentira" pela Rússia.
Tropas russas ocuparam nesta sexta-feira a maior usina nuclear da Europa, após um ataque que provocou um incêndio sem consequências nos níveis de radioatividade, mas que paralisou o mundo com medo de uma nova catástrofe atômica.
Os bombeiros extinguiram o incêndio, que atingiu um edifício e um laboratório, segundo as autoridades de Kiev, após horas de alarme e temores de uma nova catástrofe nuclear como a de Chernobyl, em 1986, na própria Ucrânia, quando o país fazia parte do União Soviética.
Para a embaixadora americana Linda Thomas-Greenfield, foi um ataque incrivelmente imprudente contra a maior usina da Europa, que colocou em risco todo o continente. Ela pediu que as instalações nucleares sejam deixadas de fora do conflito.
O embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, se pronunciou sobre o ocorrido:
— Sobrevivemos a uma noite que poderia ter posto fim à história da Ucrânia e da Europa.
Projéteis russos atingiram a usina nuclear de Zaporizhzhia, cerca de 150 quilômetros ao norte da península da Crimeia.
— Graças a Deus, o mundo evitou por pouco uma catástrofe nuclear na noite passada — exclamou Thomas-Greenfield, depois de pedir à Rússia que cesse todo o uso de força que poderia pôr em perigo os 15 reatores operacionais na Ucrânia ou impedir a autoridades locais de garantir a segurança de suas 37 fábricas e das cidades vizinhas.
É a primeira vez que uma usina nuclear em operação é atacada, o que é contra o direito internacional, segundo a embaixadora britânica Barbara Woodward, que convocou encontro para analisar o ataque. O conflito começou em 24 de fevereiro, com a invasão russa à Ucrânia.
"Mentiras"
Do outro lado, para o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, a acusação faz parte de uma campanha de mentiras contra a Rússia. Ele culpou as autoridades ucranianas pelo ataque e por criar uma "histeria artificial".
— Todas as instalações da usina estão sob o controle das forças russas desde 28 de fevereiro, e a segurança está garantida e seu funcionamento, normal, assim como a usina de Chernobyl — disse ele.