Ao menos duas pessoas morreram na manhã desta terça-feira (15) em ataques contra zonas residenciais de Kiev, antes da aguardada retomada das negociações iniciadas na véspera entre Rússia e Ucrânia para tentar encerrar o conflito — que entrou no 20º dia.
Parcialmente cercada pelas tropas russas, a capital da Ucrânia acordou com três grandes explosões. Os serviços de emergência afirmaram que zonas residenciais em vários distritos foram atacadas.
Em Sviatoshyn, oeste de Kiev, um bombardeio atingiu um edifício de 16 andares, "onde os corpos de duas pessoas foram recuperados e 27 pessoas foram resgatadas", informaram as autoridades locais em um comunicado.
Um ataque, que não deixou vítimas, atingiu uma casa em Osokorky (sudeste) e disparos de artilharia provocaram um incêndio rapidamente controlado em um prédio residencial de Podilsk (noroeste), onde uma pessoa foi hospitalizada.
No mesmo local, repleto de vidros e escombros, uma coluna de fumaça saía do enorme buraco provocado pelo impacto enquanto os moradores jogavam os objetos destruídos de suas casas pelas janelas quebradas.
Os ataques aconteceram antes da retomada das negociações por videoconferência entre os dois lados. Na segunda-feira, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, afirmou que o primeiro dia de conversas foi "bom".
— Mas veremos, continuarão amanhã (terça-feira) — disse.
No papel, as posições estão muito distantes. Moscou exige que a Ucrânia se afaste da Otan e reconheça a soberania das regiões separatistas pró-Rússia do leste do país, que tiveram a independência reconhecida pelo presidente russo, Vladimir Putin, poucos dias antes da invasão iniciada em 24 de fevereiro. Já Kiev exige um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas de seu território.
Antes, os dois lados participaram em três encontros presenciais em Belarus, além de uma reunião dos ministros das Relações Exteriores na Turquia.
Mais lento do que o esperado
O avanço das forças russas é mais lento e problemático do que o esperado. O comandante da Guarda Nacional da Rússia, Viktor Zolotov, admitiu que a operação "não está seguindo tão rápido como gostaríamos", mas insistiu que a vitória chegará passo a passo.
Putin havia ordenado até o momento às suas forças para "conter qualquer ataque imediato às grandes cidades", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, embora não tenha descartado a possibilidade de ações contra as grandes cidades "que já estão quase cercadas sob controle total".
Uma das cidades cercadas é Mariupol, na costa do Mar de Azov (sudeste), onde as autoridades afirmam que quase 2.200 pessoas morreram desde 24 de fevereiro.
Na segunda-feira, 210 veículos conseguiram sair pela primeira vez em vários dias por um corredor humanitário desta cidade, onde os moradores se escondem em porões sem água, energia elétrica, calefação ou alimentos.