A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse neste domingo (20), durante a 58ª Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha, que a qualquer momento pode estourar uma guerra na Europa. O continente está vivendo um clima de tensão devido a conflitos entre ucranianos e separatistas, apoiados pela Rússia.
Para Kamala, a Europa está vivendo o momento mais perigoso desde a Segunda Guerra Mundial. A vice-presidente norte-americana tentou convencer os aliados dos Estados Unidos de que as constantes tensões na fronteira da Ucrânia com a Rússia significam uma ameaça à segurança europeia e mundial. Com isso, ela solicitou o apoio unificado de outros países para a aplicação de sanções econômicas caso ocorra uma invasão russa no país vizinho.
— Já se passaram mais de 70 anos desde a Segunda Guerra Mundial e ao longo desses anos houve paz e segurança. Agora, estamos falando sobre a possibilidade real de guerra na Europa — disse Kamala a repórteres durante evento na Alemanha.
Antes de retornar a Washington, nos Estados Unidos, Kamala solicitou apoio dos líderes globais e pediu que todos eles dedicassem um tempo para entender o significado do atual contexto que o continente europeu está enfrentando.
O presidente dos Estados Unidos Joe Biden deve se reunir com sua equipe de segurança nacional no fim deste domingo em Washington para discutir os desdobramentos do conflito. Kamala, que já está saindo da Alemanha, planeja participar do encontro. Antes de deixar Munique, ela e sua equipe informaram ao grupo em Washington sobre as reuniões e conversas que aconteceram durante a conferência.
Evento em Munique
Joe Biden já havia declarado na sexta-feira (18), durante discurso realizado da Casa Branca, de que estava convencido de que o presidente russo Vladimir Putin havia decidido invadir a Ucrânia. Além disso, o presidente norte-americano enviou Kamala à Alemanha com ordens diretas de ampliar a preocupação de que uma invasão russa era altamente provável e deixar claro aos aliados europeus que eles devem estar prontos para impor as sanções mais duras já estabelecidas para Moscou.
A vice-presidente disse aos repórteres que uma invasão e sanções à Rússia provavelmente teriam também custos para os americanos.
— Quando os Estados Unidos defendem princípios e todas as coisas que prezamos, às vezes é necessário que nos coloquemos lá de uma maneira que talvez incorra em algum custo. Nesta situação, isso pode estar relacionado aos custos de energia — argumentou.
Durante uma série de reuniões com líderes globais e em seu discurso na conferência, Kamala destacou que o mundo está passando por um momento definitivo e decisivo. Ela se reuniu com o presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, com os líderes das três nações bálticas, com o chanceler alemão Olaf Scholz e com o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis.
Apelos globais
Logo após reunião entre Volodymyr e Kamala no sábado (19), o presidente ucraniano questionou os motivos pelos quais os norte-americanos e europeus estavam esperando para impor sanções contra a Rússia. Além disso, Zelensky acredita que outra solução seria a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte. No entanto, Putin não gostou da declaração e pediu garantias de que o país vizinho não ingresse na Otan.
Kamala Harris disse que não opinaria sobre os desejos de Zelensky para o seu país e apoiou a decisão do governo norte-americano de adiar as sanções preventivas. Para ela, a medida só deve ser tomada em último caso.
Kamala também ouviu de líderes de países bálticos, que temem que seus países sejam os próximos alvos da Rússia, apelos para aumentar o número de tropas dos Estados Unidos nestas regiões. O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, pediu mais apoio e solicitou a presença permanente das tropas dos EUA na Lituânia. Atualmente, Biden enviou um pequeno contingente de tropas de forma rotativa para o país aliado.
A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, também solicitou ajuda do governo norte-americano e se mostrou preocupada com um possível domínio russo em seu país.
— Perdemos nossa independência para a Rússia uma vez e não queremos que isso aconteça novamente — disse Kaja.
Apesar de tantos pedidos e apelos, Kamala não fez promessas aos aliados, mas garantiu que as tropas dos EUA reforçarão a região do flanco leste da Europa para evitar que a Rússia invada a Ucrânia.