Belarus anunciou neste domingo (20) que os exercícios militares conjuntos com a Rússia realizados em seu território, que deveriam terminar no mesmo dia, continuariam devido ao aumento das tensões na vizinha Ucrânia.
Este anúncio significa que as tropas russas permanecerão em Belarus, em meio a uma crise com o Ocidente, apesar da promessa de Moscou de que suas forças deixariam este país às portas da União Europeia após essas manobras realizadas desde 10 de fevereiro.
"Tendo em vista o aumento da atividade militar perto das fronteiras (...) e o agravamento da situação no Donbas, os presidentes de Belarus e da Rússia decidiram continuar a inspeção das forças", declarou o ministério da Defesa bielorrusso em sua conta no Telegram neste domingo.
Durante esta "inspeção" de tropas, um termo para manobras militares, os "elementos de defesa" de Belarus e da Rússia "que não foram abordados com tantos detalhes durante o treinamento anterior serão examinados em profundidade", continuou o ministério.
De acordo com Minsk, o objetivo das manobras continua sendo "garantir uma resposta adequada e uma desescalada dos preparativos militares realizados por pessoas mal intencionadas perto das fronteiras".
O leste da Ucrânia, onde as forças de Kiev lutam contra os separatistas apoiados por Moscou desde 2014, está sob uma nova onda de tiros, particularmente perigosa devido ao aumento das tensões entre Moscou e o Ocidente.
A Rússia, apesar de seus anúncios de retirada militar, é acusada de ter reunido 150.000 soldados nas fronteiras ucranianas em vista de uma invasão. Washington garante que Moscou procura um casus belli - expressão em latim que significa achar um pretexto para iniciar um ataque - e que a violência no leste pode ser este início.
Moscou nega qualquer plano nesse sentido, mas pede "garantias" para sua segurança, em particular a promessa de que Kiev nunca ingressará na Otan, e multiplicou os exercícios militares na região.
Neste domingo, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que uma invasão russa viria não apenas do leste, mas também do norte, de Belarus, para "cercar Kiev", a capital ucraniana.
O Kremlin não informou quantos soldados russos estavam participando dos exercícios em Belarus, mas Washington estimou seu número em 30.000.
Segundo a Presidência francesa, o presidente russo Vladimir Putin prometeu, durante uma conversa com seu colega francês Emmanuel Macron no início de fevereiro, que as tropas russas se retirariam de Belarus após o fim dos exercícios.
O chefe da diplomacia de Minsk, Vladimir Makei, também garantiu que as tropas russas se retirariam após essas manobras.
Em um comunicado, o ministro da Defesa bielorrusso, Viktor Khrenine, criticou os ocidentais que "se recusam a ver as 'linhas vermelhas' definidas pela Rússia".
Ele estimou que a Europa estava sendo "deliberadamente empurrada para a guerra".