As Ilhas Salomão amanheceram nesta sexta-feira (26) com um terceiro dia de distúrbios em sua capital Honiara, onde milhares de manifestantes incendiaram prédios e saquearam entre os escombros de lojas queimadas, informou um jornalista da AFP.
A polícia disparou gás lacrimogêneo e disparou tiros de advertência para dispersar um grupo de manifestantes que queriam chegar à residência privada do primeiro-ministro Manasseh Sogavare, segundo jornalistas da AFP.
A comunidade chinesa tornou-se alvo desses protestos contra o governo de Sogavare, que em 2019 mudou seu reconhecimento diplomático de Taiwan para a China comunista.
No centro da cidade, milhares de manifestantes, alguns armados com facas e machados, atacavam o distrito de Chinatown, Point Cruz e outras áreas comerciais.
Em Chinatown, um enorme armazém foi incendiado, causando uma explosão que fez com que muitas pessoas se dispersassem em pânico. Também houve relatos de um depósito de tabaco em chamas.
Após três dias de distúrbios, várias partes desta cidade de 80.000 habitantes foram arrasadas.
Imagens nas redes sociais mostram fachadas queimadas e telhados distorcidos por chamas que incendiaram bancos, escolas, delegacias de polícia e empresas administradas por chineses. Detritos, lixo e árvores se acumulam nas ruas.
A agitação levou ao envio de uma força de paz da Austrália, cujas primeiras tropas chegaram na quinta-feira. A vizinha Papua-Nova Guiné também anunciou o envio de tropas para a manutenção da paz.
A China expressou "grande preocupação" com seus interesses e pediu ao governo das Ilhas Salomão que garantisse a segurança de seus cidadãos e entidades.
As Ilhas Salomão mantinham relações diplomáticas com Taiwan desde 1983, mas em 2019 decidiram reconhecer o regime comunista de Pequim como legítimo representante da China.
A decisão do governo provocou ressentimentos de parte da população que mantinha laços estreitos com Taipé.
* AFP