Nas primeiras horas do domingo de 13 de agosto de 1961, as autoridades comunistas da Alemanha Oriental começaram a construir o Muro de Berlim, que dividiu a cidade e fechou a última abertura da Cortina de Ferro.
Durante 48 horas, circularam boatos de que a fronteira entre o leste e o oeste de Berlim estava prestes a ser fechada. Com o passar das horas, a notícia se revelou verdadeira.
Na sexta-feira, o parlamento, ou Câmara do Povo da comunista República Democrática Alemã (RDA), aprovou a adoção de medidas necessárias para conter o êxodo da população para o lado ocidental.
Ao longo de 12 anos, mais de 3 milhões de cidadãos fugiram do regime comunista e optaram pela liberdade e pela prosperidade oferecidas pela Alemanha Ocidental.
Novos alertas
Às 4h01min daquele domingo, um alerta da agência AFP procedente de Berlim afirmava: "O Exército e a Volkspolizei (Polícia Popular Alemã) estão se reunindo nos limites dos setores oriental e ocidental de Berlim para bloquear a passagem".
Um segundo alerta confirma a informação. "Os trens metropolitanos de Berlim não circularam nas últimas duas horas entre um setor e outro". Na sequência, são divulgados vários alertas:
- 4h28min: "O conselho de ministros da RDA decidiu estabelecer em suas fronteiras, incluindo as do setor leste de Berlim, controles usuais nas fronteiras de Estados soberanos".
- 4h36min: "Uma ordem do Ministério do Interior da Alemanha Oriental proíbe que os habitantes do país entrem em Berlim Ociental, caso não trabalhem na área".
- 4h50min: "Os habitantes de Berlim Oriental não poderão trabalhar em Berlim Ocidental, de acordo com a decisão das autoridades da cidade de Berlim Oriental".
Arame farpado e armas
No início da manhã, o correspondente da AFP descrevia a situação na cidade: "Arame farpado e mecanismos de defesa foram instalados durante a noite para fechar hermeticamente a fronteira entre Berlim Oriental e Berlim Ocidental".
"A estrada está praticamente bloqueada para refugiados (...) A maioria dos pontos de passagem entre os dois lados da cidade foi bloqueada desde o amanhecer, e patrulhas policiais com armas vigiam os locais", descreveu.
"Faixa da morte"
Pouco a pouco, os quilômetros de arame farpado deram lugar a 43 quilômetros de um muro de cimento que dividiu a cidade em duas, do norte ao sul. Outro muro externo de 112 quilômetros isola o território de Berlim Ocidental e seus 2 milhões de habitantes da RDA.
Em constante aperfeiçoamento durante seus 28 anos de existência, mais de 100 quilômetros de muro são construídos com blocos de concreto armado de 3,6 metros de altura, coroados por um cilindro sem nenhum ponto de contato, o que torna praticamente impossível escalar. O restante é feito de concertinas.
Ao longo do lado leste do que ficou conhecido como o "muro da vergonha", está a "terra de ninguém", de 300 metros de profundidade em alguns trechos. Ao pé do muro, a "faixa da morte" — construída com um piso fino que permite ver as pegadas — está equipada com instalações que ativam automaticamente armas e minas.
Apesar do hermetismo da "muralha de proteção antifascista", como é conhecida oficialmente, cerca de 5 mil pessoas conseguiram fugir até a queda do muro em 9 de novembro de 1989. Quase cem pessoas morreram tentando superar a barreira.