Rodrigo Lopes
Na primavera de 1990, o estudante alemão Stephan Hoffman, 29 anos, e um amigo, deixaram Frankfurt de carro para uma aventura por um mundo até então pouco conhecido e prestes a desaparecer. O primeiro destino seria Leipzig, na então República Democrática Alemã (RDA). Depois, eles seguiriam até Berlim Oriental, onde, seis meses antes, o Muro fora derrubado a marretadas, ato inaugural de uma frenética sucessão de fatos históricos que culminaria com o colapso do império soviético e o fim da lógica bipolar da Guerra Fria, que, por mais de quatro décadas, pautou as relações políticas, econômicas, sociais e culturais globais. Na altura de Vechta, os dois chegaram a um posto de fronteira onde os guardas tentavam manter o arremedo de autoridade que se liquefazia a cada dia. Houve poucos questionamentos, Stephan recebeu no passaporte um dos últimos carimbos da RDA e, apesar da cara de poucos amigos dos agentes, eles passaram sem problemas para o lado comunista. Os dois levaram quase o dia inteiro na estrada para chegar até Leipzig. Depois, tomaram o rumo Norte, para Berlim. Stephan, hoje com 59 anos, lembra a primeira impressão do mundo socialista que se descortinava.
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