O cargueiro Ever Given, que bloqueou o Canal de Suez em março, voltou a navegar nesta quarta-feira (7), após 100 dias de imobilização e assinatura de um acordo confidencial de indenização entre as autoridades egípcias e o proprietário japonês do navio.
O Canal de Suez, ponto de passagem de cerca de 10% do comércio mundial, segundo especialistas, ficou bloqueado por seis dias em março, causando uma grave interrupção no tráfego marítimo.
O navio de 400 metros e capacidade de 200 mil toneladas começou a se mover para o norte, em direção ao Mediterrâneo, esta manhã, após longas negociações.
Atualmente, está na foz norte do canal, de acordo com sites de monitoramento de tráfego marítimo.
O presidente da Autoridade do Canal de Suez (SCA), Osama Rabie, disse nesta quarta-feira em entrevista coletiva que o navio poderia ser submetido a inspeções em Port Said, na costa mediterrânea.
Mais cedo, durante uma cerimônia nas margens do canal, a SCA assinou um acordo de compensação com o armador japonês do navio, Shoei Kisen Kaisha, cujos termos foram mantidos em sigilo.
No domingo, Rabie havia indicado em entrevista à televisão que o Egito receberia, além da compensação financeira, um rebocador com capacidade de 75 toneladas do dono do Ever Given.
Cairo havia inicialmente reivindicado US$ 916 milhões, antes de revisar para 600 e depois para US$ 550 milhões.
Na cerimônia de conclusão do acordo, com as bandeiras egípcia e japonesa ao fundo, transmitida ao vivo na televisão egípcia, Rabie considerou que o incidente foi um "teste difícil" para o Egito "sob o olhar de o mundo inteiro".
O acordo de indenização foi anunciado no domingo pelas autoridades egípcias, abrindo caminho para a liberação do navio. Na terça-feira, o tribunal econômico de Ismailia pôs fim à apreensão da embarcação.
O navio, com bandeira panamenha e operado pelo armador taiwanês Evergreen Marine Corporation, encalhou sua proa na parte leste da hidrovia em 23 de março, cruzando o canal e bloqueando todo o tráfego.
As operações para desencalhar o cargueiro, que duraram seis dias, exigiram mais de 10 rebocadores, além de dragas para cavar o fundo do canal.
O Ever Given foi então imobilizado no grande Lago Amer, no centro do canal, pelas autoridades egípcias, à espera do pagamento de indenização pela perda de receita durante o incidente, o custo do resgate e os danos ao canal.
De acordo com a SCA, o Egito perdeu entre US$ 12 e 15 milhões por dia de fechamento. Além disso, um funcionário da SCA morreu durante as operações de reflutuação do navio, segundo a autoridade egípcia. E o revestimento das margens foi danificado. Um total de 422 navios cargueiros com 26 milhões de toneladas de carga ficaram bloqueados.
De acordo com a seguradora Allianz, as perdas atingiram de US$ 6 a 10 bilhões por dia para o comércio marítimo global. Uma de suas principais fontes de receita, o Canal rendeu cerca de US$ 5,7 bilhões ao Egito em 2019-2020.
Quase 19 mil navios usaram o canal em 2020, de acordo com a SCA, uma média de 51,5 navios por dia. Após o bloqueio da hidrovia, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi prometeu que seu país iria adquirir equipamentos mais adequados para enfrentar situações semelhantes.