O ultraconservador partido unionista da Irlanda do Norte, DUP, elegeu como seu novo líder Edwin Poots, um criacionista que rejeita a Teoria da Evolução e se opõe fortemente ao acordo Brexit, segundo resultados oficiais anunciados nesta sexta-feira(14).
Para substituir a primeira-ministra da Irlanda do Norte Arlene Foster, que enfrentou uma rebelião interna devido às condições que a saída da União Europeia impôs a esta região britânica, os 36 deputados que a formação possui no Parlamento autônomo regional e no Parlamento de Londres votaram em seu sucessor.
Eleito com 19 votos, Poots, ministro da Agricultura da Irlanda do Norte, de 55 anos, já havia alertado que se fosse nomeado o novo líder do DUP, não gostaria de ser primeiro-ministro regional, mas nomearia outro.
Há pouco mais de duas semanas, Foster anunciou que deixaria o cargo de líder do partido no final de maio e como chefe do governo regional um mês depois.
A sua formação acusou-a de não ter impedido a criação de uma fronteira administrativa entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido no âmbito do Brexit.
Dois candidatos disputavam sua sucessão: Poots, que era o favorito, e o representante do DUP em Londres, Jeffrey Donaldson, 58 anos, considerado um pouco mais moderado.
O novo líder é um criacionista que rejeita a Teoria da Evolução e está convencido de que o mundo foi criado 4.000 anos antes de Cristo. Também assumiu uma postura dura contra o "Protocolo da Irlanda do Norte" que, após o Brexit, mantém a Irlanda do Norte no mercado único europeu e na sua união aduaneira.
Esta solução visa evitar uma nova fronteira com a vizinha República da Irlanda, membro da UE, para não ameaçar o frágil Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa que em 1998 pôs fim a três décadas de conflito sangrento entre unionistas protestantes e republicanos católicos.
O DUP denuncia que isso equivale à introdução de uma fronteira no mar da Irlanda, dentro do próprio Reino Unido.
A indignação dos unionistas contra o protocolo ajudou a desencadear dez noites de agitação violenta na Irlanda do Norte no início de abril, nas quais 88 policiais ficaram feridos.
Sempre eurocético, o DUP, criado em 1971 no meio de um conflito na Irlanda do Norte pelo pastor fundamentalista Ian Paisley, se opõe ao aborto e ao casamento gay, que Londres autorizou na região em outubro de 2019 durante um vácuo de poder em Belfast.
Vários de seus membros também disseram ser a favor da pena de morte e questionaram as mudanças climáticas.
Pelo Acordo de Paz de 1998, os unionistas do DUP dividem o governo regional com os republicanos do Sinn Féin, um ex-braço político do extinto grupo armado IRA.
* AFP