Mesmo com o respeito ao cessar-fogo selado na quinta-feira (20), após 11 dias de confronto entre Israel e Hamas, a tensão no Oriente Médio ressurgiu em Jerusalém, onde manifestantes palestinos voltaram a enfrentar a polícia israelense na Esplanada das Mesquistas nesta sexta-feira (21).
Segundo a polícia, protestos começaram depois das preces de sexta-feira na Mesquita de Al-Aqsa. Manifestantes arremessaram pedras e bombas caseiras contra policiais e foram dispersados. De acordo com o Crescente Vermelho, ao menos 21 palestinos ficaram feridos. Outros confrontos foram registrados em outras cidades da Cisjordânia.
Confrontos na Esplanada das Mesquitas foram o estopim para a atual crise, há 12 dias. Desta vez, no entanto, a trégua segue mantida. "Desde as 2h não se detectou nenhum lançamento de foguete, e os aviões (das Forças Armadas) voltaram para suas bases", anunciou o Exército israelense.
Celebrações do lado palestino
Após o anúncio da trégua, milhares de palestinos saíram às ruas de Gaza para festejar o fim dos bombardeios israelenses. Manifestações ocorreram em cidades da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ocupados.
— É a euforia da vitória — disse Khalil al-Haja, número dois do gabinete político do Hamas na Faixa de Gaza, um enclave submetido a bloqueio israelense há quase 15 anos.
— Nosso povo se levantou para defender a Mesquita de Al-Aqsa de peito aberto e provar ao mundo todo que Jerusalém é nossa e a mesquita é uma linha vermelha — disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh.
Repercussão internacional
O presidente americano, Joe Biden, agradeceu ao Egito pelo papel desempenhado no cessar-fogo, que chamou de "oportunidade genuína para avançar" rumo à paz entre israelenses e palestinos. O Egito enviará duas delegações a Tel-Aviv e aos Territórios Palestinos para "supervisionar a aplicação do cessar-fogo", informaram fontes diplomáticas do Cairo.
A União Europeia também celebrou o anúncio e recordou que "a situação na Faixa de Gaza é insustentável há muito tempo", enquanto a Alemanha, que também elogiou a iniciativa, advertiu que agora é necessário "abordar as causas profundas do conflito para encontrar uma solução" para a região.
O papa Francisco também aplaudiu o cessar-fogo e pediu a toda Igreja Católica que reze pela paz.
— Agradeço a Deus pela decisão para se deter os conflitos armados e os atos de violência e rezo pela continuação da via do diálogo e da paz — declarou.
Segundo o papa, uma vigília de Pentecostes será celebrada na Igreja de Santo Estêvão de Jerusalém para "reivindicar o presente da paz".
Os bombardeios aéreos e os disparos de artilharia e de foguetes deixaram, em 11 dias, pelo menos 232 palestinos mortos, incluindo 65 menores de idade, e 1,9 mil feridos, segundo as autoridades de Gaza. Em Israel, os foguetes palestinos mataram 12 pessoas, incluindo uma criança e uma adolescente, e deixaram 355 feridos, segundo a polícia.