O governo italiano prometeu investigar de maneira profunda a queda de uma cabine de teleférico que matou 14 pessoas, incluindo cinco israelenses, em Stresa, na região norte do país.
— Vamos jogar luz sobre todas as circunstâncias que envolveram a tragédia. Criamos um comitê especial para isso — afirmou o ministro dos Transportes, Enrico Giovannini, em uma entrevista no local do acidente.
O Ministério Público de Milão abriu uma investigação por "homicídio culposo e negligência".
O único sobrevivente da tragédia é um menino de cinco anos. Ele está hospitalizado em Turim, com traumatismo cranioencefálico e fratura nas pernas.
— Seu estado é crítico, mas temos esperanças. As próximas 48 horas são cruciais — disse o diretor do hospital, Giovanni La Valle, ao jornal La Repubblica.
Os funerais das vítimas israelenses vão ser na quarta-feira (26) em Israel, segundo informou o presidente da comunidade judaica de Milão, Milo Hasnabi.
O acidente aconteceu no domingo (23), a cem metros da última estação do teleférico que percorria o trajeto do Lago Maior até a montanha de Mottarone, de 1.490 metros de altitude.
De acordo com as equipes de resgate, a tragédia teria sido provocada pela ruptura de um cabo de carga, o que provocou a queda da cabine com 15 pessoas em seu interior. A cabine desabou de uma altura de 15 metros e depois rolou por uma parte da ladeira, antes de bater em uma árvore. As autoridades descartaram um problema de sobrecarga, pois as cabines podem transportar mais de 35 passageiros.
O acidente aconteceu no dia em que a Itália autorizou a abertura das instalações para turistas em toda península, após meses de fechamento pelas restrições impostas pela pandemia da covid-19. Muitas críticas foram feitas ao estado das infraestruturas em todo país, e muitas pessoas recordaram o colapso da ponte Morandi, em Gênova, em 2018, que deixou 43 mortos.
— É evidente que em nosso país algo não funciona na área de controle de segurança do transporte — comentou Carlo Rienzi, presidente da Codacons, a maior associação de consumidores do país.
— Temos uma rede de infraestruturas antigas, do pós-guerra, da época do boom econômico (de 1960 a 1970) — recordou à AFP Gianpaolo Rosati, professor de Tecnologia da Construção do Instituto Politécnico de Milão.
O ministro dos Transportes se reuniu nesta segunda-feira com autoridades locais e regionais.
— Todas as instituições estão trabalhando juntas, não apenas para evitar que isto se repita, mas também para ajudar os afetados e seus familiares. É importante entender a dinâmica do que aconteceu — declarou.
— Trata-se de suposições, mas acredito que aconteceu um problema duplo: a ruptura do cabo e o mau funcionamento do freio de emergência — afirmou o comandante regional dos socorristas, Matteo Gasparini, citado pelo jornal La Stampa.
— Não sabemos por que o freio não foi acionado — completou.
O teleférico acidentado ficou fechado entre 2014 e 2016 para trabalhos de reforma e manutenção.