A Índia aprovou, neste domingo (3), o uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19. A medida abre caminho para uma das maiores campanhas de imunização do planeta, já que o país tem, atualmente, 1,3 bilhões de habitantes, sendo o segundo mais afetado do mundo em número de casos (10,3 milhões) e o terceiro em mortes (150 mil).
Com as vacinas de Oxford/AstraZeneca e da empresa indiana Bharat Biotech, a nação pretende imunizar até 300 milhões de pessoas em 2021. O Serum Institute of India afirmou que está produzindo entre 50 e 60 milhões de doses por mês da vacina britânica, a qual é mais barata que a Pfizer/BioNTech, além de ser mais fácil de armazenar e transportar.
Embora seja vista como a melhor forma de controlar uma pandemia que já causou mais de 1,8 milhão de mortes e infectou 84,6 milhões de pessoas, ainda há a questão da capacidade global de produção dos imunizantes, considerada insuficiente. Tendo em vista a situação, a União Europeia (UE) se dispôs a ajudar a aumentar essa capacidade.
— A situação vai melhorar pouco a pouco — disse a Comissária Europeia de Saúde, Stella Kyriakides.
O início das campanhas de vacinação na Europa foi alvo de muitas críticas por sua lentidão, principalmente na França, ou pelo fato de profissionais de saúde não serem vacinados prioritariamente — como na Alemanha. O premier da Hungria, Viktor Orban, atribuiu os problemas ao ritmo de aquisição das vacinas na UE.
— (Esses produtos) estiveram disponíveis antes no Canadá, no Reino Unido e em Israel — lamentou.
O programa de vacinação começou na UE no último fim de semana, após autoridades de saúde autorizarem o uso do imunizante da Pfizer/BioNTech. Depois de encomendar 200 milhões de doses em novembro, a UE exerceu uma opção de compra de 100 milhões adicionais para 2021.
Mais de 238 mil pessoas foram vacinadas na última semana na Alemanha, segundo o instituto de vigilância sanitária Robert Koch (RKI), entre elas 56.197 maiores de 80 anos. Em outros países europeus, como França e Bélgica, apenas poucas centenas de pessoas receberam o imunizante em uma semana.
Israel planeja vacinar 2 milhões de pessoas até o final de janeiro com a vacina Pfizer / BioNtech, o cronograma mais rápido do mundo, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no domingo. Já na Rússia, mais de 800 mil pessoas já receberam a vacina Sputnik V, de acordo com as autoridades.
Os Estados Unidos aumentaram o ritmo de sua campanha de vacinação e poderiam chegar a aplicar 1 milhão de doses diárias da vacina, indicou à rede de TV ABC Anthony Fauci, imunologista que assessora o governo americano.
— Nas últimas horas, foram registradas 1,5 milhões de injeções, o que representa 500 mil por dia — informou Jerome Adams, chefe do serviço público de saúde americano, à CNN .
Apenas 4,2 milhões de americanos receberam a primeira dose da vacina até agora, número ainda distante da meta do governo de 20 milhões até o fim de 2020.
Já o Egito, país mais populoso do mundo árabe, com cerca de 100 milhões de habitantes, anunciou que autorizou o produto desenvolvido pelo laboratório chinês Sinopharm.
Terceira onda no Japão
A América Latina e o Caribe registraram 510.720 mortes e mais de 15,6 milhões de casos desde o início da pandemia, de acordo com um balanço da AFP neste domingo às 8h de Brasília. No Equador, a Corte Constitucional declarou inconstitucional o estado de exceção vigente no país desde o final de dezembro em decorrência do grave aumento das infecções. O país andino, com 17,5 milhões de habitantes, tem mais de 214 mil casos de coronavírus e 14.059 mortes.
Embora os programas de vacinação devam avançar, muitos países aumentam suas restrições. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson alertou que restrições ainda mais severas poderiam ser impostas no Reino Unido, citando o fechamento de escolas e "o impacto da nova variante do vírus", mais contagiosa. No momento, três quartos da população voltaram ao confinamento.
Na Ásia, a pandemia também causa preocupação: com o Japão enfrentando uma terceira onda, o governador de Tóquio pediu ao governo que declarasse estado de emergência novamente, depois que a capital bateu um recorde de infecções esta semana. Já a Coreia do Sul estendeu suas restrições na área metropolitana de Seul até 17 de janeiro.