Se até agora a preocupação era já ter começado a vacinar ou não, outro indicador começa a ser levado em conta nas projeções de uma futura normalização das atividades, econômicas ou não: o ritmo da imunização.
Nos Estados Unidos, onde a aplicação das doses começou ainda em 14 de dezembro, só 4,2 milhões de americanos receberam doses, dado atualizado até sábado (2) pelo Centers for Disease Control and Prevention (Centros para Prevenção e Controle de Doença, ligado ao governo americano). Mesmo adicionando algumas de 2021, corresponde a pouco mais de um quinto da meta de terminar 2020 com 20 milhões de americanos protegidos, ao menos parcialmente. No entanto, o patamar em que os EUA atingiram 20 milhões foi no número de casos de covid-19.
A lentidão virou assunto de intenso debate político nos Estados Unidos, onde fontes independentes reportam número muito mais baixo. O presidente eleito, Joe Biden, ciente de que terá de responder por esse ritmo dentro de 17 dias, criticou a velocidade da distribuição de vacinas dizendo que o plano de vacinação está "ficando para trás, muito atrás". Especialistas cautelosos atribuem parte do problema à curva de aprendizado: o início foi lento, mas à medida que o processo for dominado, ganhará impulso.
Mas se a imunização não avança como o previsto nos Estados Unidos, que fez pré-acordos com laboratórios muito antes de qualquer aprovação de agência de vigilância sanitária e atropelou países amigos e inimigos para garantir insumos em seu território e ao menos o vice-presidente da República, Mike Pence (foto), fez questão de mostrar que estava sendo vacinado, o que esperar para o Brasil?
Aqui, a notícia mais animadora do final de semana foi aprovação da importação de 2 milhões de doses da vacina de Oxford pela Anvisa. A informação foi dada no sábado (2) à noite, e a liberação havia ocorrido no noite de Réveillon. Então, é uma boa notícia não só porque há imunização a caminho, mas porque a decisão foi tomada em clima de emergência, como deve ser.
É um pequeno sinal de esperança antes do primeiro dia útil de 2021, mas é preciso adotar esse sistema de urgência máxima para tudo: outras vacinas, seringas, luvas, gazes. Sempre com respeito absoluto à segurança, claro, mas com a rapidez que ainda pode (é quase um desejo de Ano Novo), literalmente, tirar o Brasil do atraso na vacina.