O ex-presidente Evo Morales cruzou na segunda-feira (9) a fronteira argentina por terra e entrou na Bolívia, quase um ano após sua renúncia e um exílio na Argentina. Aos 61 anos, ele retornou ao país um dia depois da posse do herdeiro político, Luis Arce, e horas antes de se completar um ano do dia de sua renúncia.
Evo disse que continuará no país como líder sindical.
— Vou compartilhar minha experiência nas lutas sindicais, porque a luta continua. Enquanto o capitalismo existir, a luta do povo continuará, estou convencido disso — disse, ao cruzar a fronteira.
Nas primeiras entrevistas que concedeu após ser eleito, Arce disse que sua gestão não seria "um governo de Evo Morales" e o ex-presidente não teria um cargo. Evo, no entanto, continua sendo a maior liderança do Movimento ao Socialismo (MAS) e coordenou a campanha de Arce da Argentina.
Nenhum dos líderes do MAS foi saudá-lo na fronteira. Arce e o vice, David Choquehuanca, ambos ex-ministros do governo de Evo, não o mencionaram em seus discursos de posse, no domingo (8).
— Não tinha dúvidas de que voltaria, mas não sabia que seria tão cedo. Parte da minha vida fica na Argentina, onde passei 11 meses — declarou Evo em La Quiaca, cidade localizada na província argentina de Jujuy, minutos antes de entrar na Bolívia, acompanhado pelo presidente argentino, Alberto Fernández.
Evo agradeceu a Fernández que, segundo ele, "salvou sua vida". Da cidade fronteiriça de Villazón, Evo vai liderar uma caravana que percorrerá 1,1 mil quilômetros até Cochabamba, região plantadora de coca, onde fez carreira política.
— Esse é um retorno triunfal. Esperamos milhares de pessoas. Em Villazón, somos quase 50 mil habitantes — disse Huelvi Mamani, um dos encarregados da segurança do evento de boas-vindas, em Villazón.