Um homem foi decapitado nesta sexta-feira à tarde (16) perto de Paris. Ele era professor de história e mostrou aos alunos caricaturas de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão, informou uma fonte policial. O suspeito pelo ataque foi morto pela polícia e teria gritado "Alá é grande" antes de ser abatido.
O assassinato ocorre três semanas após um ataque a faca na capital francesa perto da antiga sede da revista Charlie Hebdo, que publicou essas charges.
O ataque desta sexta aconteceu por volta das 17h locais (12h em Porto Alegre), perto de uma escola, segundo fontes policiais. A Procuradoria Nacional Antiterrorista abriu uma investigação por "assassinato em conexão com uma empreitada terrorista" e "associação criminosa terrorista".
A polícia da cidade de Conflans Saint-Honorine, com cerca de 35 mil habitantes e distante cerca de 50 quilômetros de Paris, foi alertada sobre a presença de um indivíduo suspeito que rondava uma escola, disse a Procuradoria.
Ao chegar, a polícia encontrou a vítima decapitada a 200 metros da escola. Tentaram prender um homem que segurava uma faca, mas ele os ameaçou, o que levou os policiais a dispararem contra ele.
Foi estabelecido um perímetro de segurança e o serviço de desminagem foi chamado por suspeita de que o homem estivesse usando um colete explosivo.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, que estava no Marrocos, decidiu voltar a Paris imediatamente e determinou a criação de uma unidade de crise. O presidente francês, Emmanuel Macron, está a caminho do local do ataque, de acordo com a presidência.
O choque e a incompreensão prevaleciam entre os vizinhos com quem a AFP conversou. Eles descreveram como "tranquilo" o bairro em que aconteceu o ataque. O crime gerou uma onda de indignação entre as autoridades.
— É a República que está sob ataque — reagiu o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer.
Na Assembleia Nacional, os deputados se levantaram para "saudar a memória" do professor e denunciar o "abominável ataque".
Há apenas três semanas, duas pessoas ficaram feridas após um ataque realizado com um facão por um paquistanês de 25 anos próximo às antigas instalações do semanário satírico Charlie Hebdo.
O autor do atentado disse aos investigadores que queria vingar a republicação das charges de Maomé pelo Charlie Hebdo no início de setembro. Foi com a mesma justificativa que a revista foi atacada em janeiro de 2015 por dois jihadistas, que fizeram um massacre, matando grande parte dos membros da redação, incluindo alguns dos mais famosos cartunistas da França.
Sob o título "Tout ça pour ça" (Tudo isso por isso, em tradução livre), o Charlie Hebdo voltou a republicar os desenhos na ocasião do julgamento dos atentados de 2015, que estão em andamento em Paris.
Em resposta, milhares de manifestantes protestaram em várias cidades do Paquistão contra a revista e a França. A Al Qaeda também havia ameaçado atacar de novo a redação do Charlie Hebdo, que após os ataques de 2015 se mudou e mantém seu novo endereço em segredo.
Desde a onda sem precedentes de atentados jihadistas que começou em 2015 na França e causou a morte de 258 pessoas, vários ataques foram perpetrados em todo o país.