As potentes explosões que sacudiram nesta terça-feira (4) o porto de Beirute deixaram pelo menos 78 mortos e mais de 4 mil feridos, segundo estimativas preliminares anunciadas pelo ministro da Saúde, Hamad Hassan. Os números vêm aumentando constantemente.
— É uma catástrofe em todos os sentidos do termo — lamentou Hassan, em declarações a várias emissoras de televisão após visitar um hospital na capital libanesa.
— Os hospitais da capital estão todos cheios de feridos — acrescentou, pedindo que os outros feridos sejam transferidos para estabelecimentos nos subúrbios da cidade.
As explosões na capital libanesa quebraram janelas dos prédios vizinhos e foram sentidas em diversas partes da cidade. Usuários do Twitter postaram imagens e vídeos mostrando uma grande coluna de fumaça. Imagens de dentro do porto de Beirute transmitidas pela TV libanesa mostraram prédios reduzidos a escombros, contêineres lançados pela área e vários incêndios.
Segundo o premiê do Líbano, Hassan Diab, em declaração dada na noite de terça-feira, o incidente foi causado por 2.750 toneladas de nitrato de amônio, usado como fertilizante.
— É inadmissível que um carregamento de nitrato de amônio, estimado em 2.750 toneladas, esteja em um armazém há seis anos, sem medidas preventivas. Isso é inaceitável e não podemos permanecer calados — afirmou.
Mais cedo, o ministro do Interior, Mohamed Fehmi, havia dito que o local da explosão, na zona portuária, era um armazém que concentrava grande quantidade do material. Ainda não se sabe, porém, se o evento foi proposital e se outras explosões ocorreram, como especulou-se após as primeiras informações.
Enquanto o presidente Michael Aoun convocou uma reunião de emergência do Conselho de Defesa, que declarou Beirute uma "zona de desastre", o premiê Diab decretou um dia de luto em todo o país, a ocorrer nesta quarta (5). Em discurso na TV, disse que os responsáveis pela explosão sofrerão consequências.
O Hizbullah, partido xiita ligado ao Irã, por sua vez, deixou de lado as rivalidades históricas e pediu união para enfrentar o que classificou como catástrofe, quadro visto na situação das vítimas.
A mídia local transmitiu imagens de pessoas presas a escombros, algumas cobertas de sangue. "Os prédios estão tremendo", publicou no Twitter um morador da cidade, dizendo que "todas as janelas do apartamento explodiram".
— Vi uma bola de fogo e fumaça subindo sobre Beirute. Pessoas estavam gritando e correndo, sangrando. Sacadas foram arrancadas de edifícios. O vidro dos prédios se partiu e caiu nas ruas — disse uma testemunha para a Reuters, segundo a Folhapress.
Na primeira manifestação oficial do governo sobre o caso, o primeiro-ministro Hassan Diab decretou "um dia nacional de luto" nesta quarta (5). Diab disse, em um discurso televisivo, que os responsáveis pela explosão vão ser pagar o preço.
— Eu prometo a vocês que essa catástrofe não passará sem responsabilização. Os culpados vão pagar o preço — afirmou. — Fatos sobre esse armazém perigoso que está lá desde 2014 serão anunciados — completou.
Já o presidente Michael Aoun convocou uma reunião de emergência com o Conselho de Defesa.
Georges Kettaneh, presidente da Cruz Vermelha Libanesa, citou "centenas de feridos" em um comunicado na televisão libanesa LBC e disse que muitas pessoas continuam presas em casas atingidas pelo fogo. Alguns estão sendo resgatados por barcos.
— Estamos sobrecarregados pelos telefonemas — disse.