A libanesa Julia Ibrahim narrou os momentos de pânico que viveu durante a explosão que ocorreu em Beirute, capital do Líbano, nesta terça-feira (4). A guia turística cresceu no Brasil e voltou ao país de origem há 13 anos.
Segundo ela, a a explosão ocorreu há 10 minutos da casa onde que mora:
— Hoje eu vivi o pior momento da minha vida. Eu não acredito até agora que eu e meus filhos estamos vivos. Foi tão forte. Eu estava na sala recebendo visitas para o noivado da minha filha, com 20 pessoas em casa. Quando ocorreu a explosão, começou a quebrar os vidros da minha casa. Parece um sonho — disse ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha.
Julia é filha de dois libaneses que moram no Brasil. Ela voltou ao Líbano após se casar.
A guia conta que, durante a explosão, agarrou os filhos pequenos, de nove e 12 anos, com os braços e os levou para o corredor de casa, para tentar se proteger dos cacos de vidro.
— Eu vi a morte. Eu gritava, tremia, imaginei que a gente ia morrer. Moro no décimo andar, imaginei que o prédio ia cair. Meu marido gritava do quarto que era um terremoto. Até que os vidros pararam de quebrar e a gente ligou a TV para ver o que estava acontecendo — lembra.
A experiência, segundo ela, durou cerca de dois minutos. Agora, horas após a explosão, a libanesa conta que a família tenta se recuperar do episódio.
— O (filho) menor está chorando muito, está traumatizado, pediu para que a gente não fale mais sobre esse assunto e disse que quer ir embora do Líbano. Mas a gente está bem — relata.
Conforme testemunhas, o estampido foi ouvido até na cidade costeira de Larnaca, no Chipre, a cerca de 200 quilômetros da costa libanesa. Até o momento, segundo o ministro da Saúde do país, foram registradas 78 mortes e mais de 4 mil feridos.
Segundo a libanesa, neste momento, os hospitais estão em "situação caótica" e a cidade de Beirute está "desligada, frágil e muito triste".
Julia afirma ainda que teve uma reação bem diferente da que constatou nos amigos libaneses:
— Os que cresceram na guerra civil, estão acostumados a ouvir explosões. Então, eu vi que reagi muito pior do que meus amigos libaneses que cresceram aqui. Para quem viveu a guerra, é comum ouvir bombas, é comum o prédio balançar — lamenta.
No país, a guerra civil de 1975 durou 15 anos e deixou a cidade em ruínas.