Em pronunciamento na noite desta segunda-feira (1º), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que irá enviar militares às ruas para conter violência em protestos antirracistas, que se espalharam pelo país após a morte do ex-segurança negro George Floyde.
— Estou enviando milhares e milhares de soldados fortemente armados, pessoal militar e agentes das forças de ordem — afirmou, explicando que deslocará os soldados para conter "os distúrbios, os saques, o vandalismo, os ataques e a destruição gratuita da propriedade".
Trump classificou as cenas de violência como "atos de terror doméstico".
— Não são atos de protesto pacífico. São atos de terror doméstico.A destruição da vida de inocentes, o derramamento de sangue de inocentes são crimes contra Deus — afirmou.
O presidente se comprometeu ainda a garantir o cumprimento do toque de recolher, adotado por diversas cidades, como Nova York e Washington.
Ele também pediu aos governadores que "mobilizem a Guarda Nacional em quantidade suficiente capaz de controlar as ruas".
— O que aconteceu na cidade ontem à noite é uma desonra absoluta — disse Trump.
Ao concluir sua fala nos jardins da Casa Branca, o presidente anunciou que iria a um lugar "muito, muito especial" e foi a pé da Casa Branca até a igreja episcopal de Saint John, um edifício histórico próximo à sede do Executivo, chamada de "igreja dos presidentes", danificado na noite passada por um incêndio inciado durante os protestos antirracismo.
Esta explosão de protestos é a mais generalizada que os Estados Unidos veem desde 1968, quando várias cidades do país sofreram incêndios após o assassinato do líder negro símbolo da luta pelos direitos civis, Martin Luther King Jr.
Estes incidentes também são uma reminiscência da violência que sacudiu Los Angeles em 1992 por uma onda de revolta depois que quatro policiais foram absolvidos após espancarem brutalmente o motorista negro Rodney King.
Em Washington, o protesto começou no domingo (31) com uma marcha pacífica na qual centenas de pessoas caminharam da Universidade Howard, um bastião da cultura negra nos Estados Unidos, para a Casa Branca gritando "Não consigo respirar", as últimas palavras de George Floyd.
No mesmo dia, um caminhão entrou na rua onde estava ocorrendo a manifestação — cujo tráfego foi reduzido — e avançou em alta velocidade, causando medo entre os presentes, sem relatos de feridos.
Além disso, a polícia disparou gás lacrimogêneo perto da Casa Branca após manifestantes quebrarem janelas de edifícios importantes e virarem carros. A sede do governo dos EUA ficou escura, apagando quase todas as luzes externas.
Prefeitos tentaram impor toques de recolher em pelo menos 40 cidades, enquanto governadores mobilizaram a Guarda Nacional. No entanto, as medidas foram desafiadas pelos manifestantes, que voltaram a tomar as ruas.