O médico responsável pela estratégia da Suécia de não adotar o lockdown reconheceu nesta quarta-feira (3) que o país enfrenta problemas no combate à pandemia do coronavírus. O epidemiologista Anders Tegnell, porém, voltou a defender as medidas do governo e deixou claro que não considera o fechamento total do país como uma opção.
— Se encontrássemos a mesma doença, com exatamente o que sabemos hoje, acho que buscaríamos o meio do caminho entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez — afirmou ele em entrevista à rádio estatal do país
O médico afirmou que o número de mortes pelo coronavírus no país está muito alto e "que obviamente há potencial para melhorar o que fizemos". De acordo com o jornal britânico The Guardian, a Suécia teve 5,29 mortes causadas por covid-19 por milhão de habitantes entre 27 de maio e 2 de junho, o número mais alto do mundo - no período, o Brasil teve 4,34 mortes por milhão de habitantes.
No total, a Suécia teve 38.589 casos confirmados da covid-19 e 4.468 mortes. O país escandinavo foi citado por diversas vezes pelo presidente Jair Bolsonaro como exemplo no combate ao coronavírus por não ter decretado o lockdown.
De fato, a estratégia desenhada por Tegnell não incluiu a medida, que foi implementada em grande parte da Europa. Mas o governo impôs uma série de regras de distanciamento social, em especial na capital, Estocolmo.
Segundo o médico, ainda é difícil saber quais medidas exatamente funcionaram no combate ao coronavírus pelo mundo. Isso porque a maioria dos países implementou ao mesmo tempo muitas ações contra a covid-19.
— O problema disse é que você realmente não sabe qual das medidas que você tomou foram mais eficazes — disse.
Para Tegnell, agora que os países estão retirando as medidas uma por uma, será possível entender o que de fato funcionou e "o que, além do que fizemos, poderíamos ter feito além do fechamento total".