A Organização Não Governamental (ONG) Oxfam apontou, em relatório divulgado nesta segunda-feira (20), que as mulheres são as menos favorecidas na distribuição da riqueza mundial. Segundo a entidade, os 22 homens mais ricos do mundo têm uma riqueza superior à de todas as mulheres da África. Ainda conforme a ONG, atualmente 2.153 bilionários possuem mais riqueza do que 60% da população.
— Mulheres e jovens são as que menos tiram vantagem do atual sistema econômico — afirmou Amitabh Behar, diretor da Oxfam na Índia, representante da ONG na edição deste ano do Fórum de Davos.
O relatório anual da Oxfam sobre as desigualdades globais normalmente é publicado antes da abertura do Fórum Econômico de Davos, evento que se inicia nesta terça-feira (21). Segundo a Bloomberg, ao menos 119 bilionários — cuja fortuna total chega a cerca de US$ 500 bilhões — devem participar este ano.
— No topo da pirâmide, bilhões de dólares estão nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, principalmente homens — afirma Behar.
Em 2019, os 2.153 bilionários no mundo tinham mais dinheiro que 60% da população do planeta.
— A diferença entre ricos e pobres não pode ser resolvida sem políticas deliberadas de combate às desigualdades. Os governos devem garantir que as empresas e os ricos paguem sua parte justa dos impostos — completa o diretor.
Trabalho não remunerado
Segundo dados da ONG — cuja metodologia é baseada em números divulgados pela revista Forbes e pelo banco Credit Suisse — 2.153 pessoas atualmente têm mais riqueza do que os 4,6 bilhões mais pobres do mundo. A fortuna de 1% dos mais ricos "corresponde a mais que o dobro da riqueza acumulada" por 6,9 bilhões de pessoas, ou seja, 92% da população mundial, diz o relatório.
"As mulheres estão na linha de frente das desigualdades por causa de um sistema econômico que as discrimina e as encerra nos negócios mais precários e com menos remunerados, começando pelo setor de atendimento", disse Pauline Leclère, porta-voz da Oxfam France, citada em comunicado.
Segundo os cálculos da Oxfam, 42% das mulheres no mundo não podem ter um trabalho remunerado pela carga muito grande de trabalho de cuidados no âmbito privado ou familiar, frente a somente 6% dos homens. Embora cuidar de outras pessoas, cozinhar ou limpar sejam tarefas essenciais, "a pesada e desigual responsabilidade pelo trabalho de cuidado que recai sobre as mulheres perpetua tanto as desigualdades econômicas quanto as de gênero", afirmou a ONG.
A Oxfam calcula o valor monetário do trabalho de assistência não remunerada para mulheres acima de 15 anos, com US$ 10,8 bilhões por ano, ou seja, "três vezes mais que o valor do setor digital em todo o mundo".