O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, autorizou seu advogado, Wilfredo Chávez, a registrá-lo como candidato a uma cadeira no Congresso nas eleições de 3 de maio. A informação foi dada através de um comunicado do seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), nesta quinta-feira (30).
"(Morales) aceitou o pedido da Diretoria Departamental (de Cochabamba) do MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Morales) para assinar em seu nome diante da possibilidade de ser designado candidato à Assembleia Legislativa", diz o documento. A nota acrescenta, ainda, afirma que o ex-governante autorizou Wilfredo Chávez a "fazer uso de qualquer faculdade necessária para o sucesso do presente poder". Não está claro se Evo se candidataria a senador ou a deputado.
A Bolívia renovará em maio, além de presidente e vice-presidente, seus 36 senadores e 130 deputados.
Em novembro de 2018, Morales renunciou ao cargo de chefe do Executivo boliviano, após um mandato de quase 14 anos. Os especialistas concordam que o ex-presidente não teria impedimento legal para solicitar uma cadeira no Congresso. O ex-porta-voz da Corte Eleitoral, Gonzalo Lema, considerou que Morales "não tem impedimento legal" para solicitar uma cadeira porque "não tem sentença executória" perante o tribunal.
— A Constituição exige que (os candidatos) residam nos últimos dois anos no círculo eleitoral que estão concorrendo a qualquer cargo de presidente, vice-presidente, senador, deputado e sua violação é motivo de desqualificação — lembrou o analista Carlos Borth.
A jurista Silvia Salame, ex-magistrada do Tribunal Eleitoral, concordou com Lema em declarações à rádio Panamericana e afirmou que uma cadeira no Congresso não lhe concederia imunidade nos processos que enfrenta por "sedição e terrorismo". A figura de "imunidade parlamentar" foi eliminada na Constituição de 2009, promulgada pelo próprio Morales.
O ex-presidente está impedido de participar das próximas eleições como candidato à presidência, após anular as eleições em outubro passado devido a "irregularidades" detectadas por uma missão da OEA e nas quais foi declarado vencedor no primeiro turno.
Entretanto, o candidato do MAS, o economista Luis Arce, lidera com 26% as intenções de voto. Ele é seguido pelo direitista Luis Fernando Camacho e pelo ex-presidente do centro Carlos Mesa, ambos com 17%. Na quarta posição, a presidente interina Jeanine Áñez aparece com 12%, segundo pesquisa da empresa Mercados e Amostras, divulgada no domingo (26).