O voo PS752, que caiu pouco após decolar em Teerã e matou 176 pessoas, foi derrubado pelo sistema de defesa aérea do Irã de modo acidental, avaliam funcionários dos setores de inteligência dos Estados Unidos, que falaram com a imprensa americana sob condição de anonimato. Os primeiros-ministros do Canadá e do Reino Unido, Justin Trudeau e Boris Johnson, afirmaram o mesmo.
O New York Times também divulgou um vídeo que mostra o momento em que uma aeronave teria sido atingida por míssil sobre Parand, região próxima ao aeroporto de Teerã onde o avião transmitiu sinais pela última vez. O jornal afirma ter verificado o material.
O Irã negou que o avião tenha sido atingido por um míssil. Segundo a TV estatal, o porta-voz do governo, Ali Rabiei, divulgou um comunicado dizendo que a informação de que o país teria acertado a aeronave é parte de uma "guerra psicológica contra o Irã".
"Todos esses países cujos cidadãos estavam a bordo do avião podem enviar representantes e solicitamos que a Boeing envie seus representantes para se juntarem ao processo de investigação da caixa-preta."
Segundo três funcionários ouvidos pela revista americana Newsweek — um membro do Pentágono, outro da Inteligência dos EUA e outro da Inteligência do Iraque —, o avião foi atingido de forma acidental com o uso de um míssil antiaéreo de origem russa.
Outro funcionário, ouvido pela agência Reuters, disse que satélites dos EUA detectaram o lançamento de dois mísseis pouco antes do avião cair.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou em entrevista coletiva que a queda do avião pode ter sido causada por acidente, mas não citou provas:
— Eu tenho minhas suspeitas. Eu não quero falar porque outras pessoas têm suas suspeitas. Alguém pode ter cometido um erro no outro lado, não no nosso sistema. Isso não tem nada a ver conosco.
Em um pronunciamento nesta quinta-feira (9), o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou ter informação "de múltiplas fontes, incluídos nossos aliados e nossos próprios serviços", que "indica que o avião foi derrubado por um míssil terra-ar iraniano". "Pode não ter sido intencional", disse, em uma entrevista coletiva.
Em seguida, o premiê britânico, Boris Johnson, divulgou um comunicado em que afirma que há uma série de evidências que levam a essa mesma conclusão. "Há uma série de informações de que o voo foi derrubado por um míssil terra-ar. Isso pode ter sido não intencional", afirmou. "O Reino Unido continua a pedir a todos os lados uma desescalada das tensões na região."
O ministro das relações exteriores iraniano, Abbas Mousavi, pediu que o Canadá e outros países compartilhem com Teerã as informações que afirmam ter. "Estamos solicitando que o primeiro-ministro canadense e qualquer outro governo que tenha informação sobre o acidente as forneça para o comitê de investigações no Irã", disse, citado pela agência IRNA.
Mais cedo, Ali Abedzadeh, chefe da Organização de Aviação Civil do Irã, disse que "cientificamente, é impossível que um míssil tenha atingido o avião ucraniano, e esses rumores são ilógicos".
No acidente desta quarta, o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines caiu cinco minutos após decolar do aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerã.
A aeronave, que decolou às 6h12min na hora local (23h42 minde terça em Brasília) e seguia para Kiev, pegou fogo após a queda. Todas as 176 pessoas a bordo morreram, e ainda não se conhecem as causas do acidente -que chegou a ser relacionado à crise entre Irã e Estados Unidos.
Cinco horas antes da queda da aeronave, o Irã havia disparado mísseis contra bases americanas no Iraque, em resposta a um ataque dos EUA que matou o general Qassim Suleimani, principal autoridade militar iraniana.
Entre as vítimas, havia 82 iranianos, 63 canadenses e 11 ucranianos. Segundo o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, os passageiros fariam uma conexão para um voo com destino ao Canadá.
Investigação
Mais cedo, nesta quinta, o governo da Ucrânia disse que investiga a possibilidade de que o avião tenha sido atingido por um míssil antiaéreo. Para investigar isso, haverá buscas por possíveis fragmentos desse tipo de artefato no local dos destroços.
Também são analisadas as possibilidades de que tenha ocorrido uma colisão com um drone ou outro objeto voador, uma explosão interna feita por um ato terrorista ou uma falha técnica que levou à explosão no motor.
Uma comissão de 45 ucranianos foi enviada a Teerã para tratar do caso. Essa equipe conta com especialistas que participaram das investigações sobre o ataque com um míssil russo que derrubou o voo MH17, da Malaysia Airlines, em 2014, no espaço aéreo da Ucrânia.
A autoridade de aviação civil iraniana divulgou um comunicado nesta quinta (9) dizendo que, segundo testemunhas, o avião pegou fogo antes de cair, e o incêndio se alastrou rapidamente enquanto ele perdia altitude.
De acordo com o relatório, a aeronave teve um problema técnico logo após a decolagem e tentou retornar ao aeroporto antes da queda. No entanto, a falha em questão não foi revelada.
Nenhuma comunicação por rádio foi realizada pelo piloto, e a aeronave desapareceu dos radares quando estava a cerca de 2,5 mil metros de altitude.
As duas caixas-pretas foram encontradas. No entanto, a agência de aviação do Irã disse que não irá entregá-las aos EUA nem à Boeing. É comum que o fabricante do avião participe das investigações, de modo a buscar formas de prevenir desastres futuros.