Desde o referendo sobre o Brexit em 2016 até a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), programada para esta sexta-feira (31), o país viveu quase quatro anos de caminho tortuoso para o divórcio. Relembre os principais momentos:
Voto a favor do Brexit
Em 23 de junho de 2016, em um referendo que terminou com 52% de votos a favor e 48% contra, os britânicos decidiram deixar a UE. O resultado levou o então primeiro-ministro conservador, David Cameron, a renunciar.
Na disputa para substituí-lo, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, partidário do Brexit, retirou-se no último momento, e Theresa May, ministra do Interior de Cameron durante seis meses, tornou-se primeira-ministra em 11 de julho.
Artigo 50
Em 29 de março de 2017, o governo britânico ativou, com uma carta a Bruxelas, o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, que rege o mecanismo de retirada voluntária de um país-membro. Iniciou-se, assim, o prazo de dois anos que devia resultar na saída britânica do bloco, inicialmente prevista para 29 de março de 2019.
May antecipou as eleições para 8 de junho em uma tentativa de fortalecer sua posição, mas perdeu a maioria absoluta e teve de negociar o apoio dos 10 deputados do Partido Unionista Norte-Irlandês (DUP) para poder governar.
Primeiro acordo de divórcio
Após um ano e meio de árduas negociações, Londres e Bruxelas alcançaram um acordo de divórcio em 13 de novembro de 2018.
O acerto precisou superar uma ameaça de veto da Espanha, em razão das relações com Gibraltar. Foi finalmente assinado em 25 de novembro.
Rejeição e adiamentos
Em 15 de janeiro, o acordo foi rejeitado com 432 votos contra e 202 a favor no Parlamento britânico. No dia seguinte, o governo de May sobreviveu por uma maioria estreita a uma moção de censura lançada pela oposição trabalhista.
May obteve mais garantias da UE sobre a "salvaguarda irlandesa", mas os deputados de Westminster voltaram a rejeitar o texto em 12 de março. O Conselho Europeu concordou em adiar o Brexit até 22 de maio, se o Reino Unido aprovasse o Tratado de Retirada, deixando até 12 de abril para apresentar uma proposta alternativa.
Em 29 de março, o acordo foi rejeitado pela terceira vez, por 344 votos contra 286. Em 11 de abril, obteve um segundo adiamento da UE até 31 de outubro.
May se vê obrigada a organizar as eleições europeias em 23 de maio. Ela anuncia que renunciará após a votação.
Eleição de Boris Johnson
Em 23 de julho, Boris Johnson, partidário de um Brexit com ou sem acordo em 31 de outubro, é eleito pelo Partido Conservador para suceder a May.
Em 3 de setembro, Johnson perde a maioria absoluta após deserções e expulsões de deputados de seu partido. Também é abandonado por vários membros de seu governo.
O Parlamento aprova uma lei que obriga o primeiro-ministro a pedir à UE uma adiamento do Brexit se não conseguir um acordo de retirada até 19 de outubro.
Segundo acordo e terceiro adiamento
Em 17 de outubro, antes da abertura de uma cúpula europeia, UE e Reino Unido anunciaram um novo acordo de divórcio. Em 22 de outubro, o Parlamento britânico aprovou o princípio do novo acordo, mas votou contra seu exame acelerado, como Johnson queria, que, em reação, retirou o projeto.
Isso forçou o primeiro-ministro a solicitar, contra sua vontade, um adiamento adicional da União Europeia até 31 de janeiro de 2020.
Em 28 de outubro, a UE aprovou o terceiro adiamento e, um dia depois, ao final de um acalorado debate, os deputados britânicos aceitaram por maioria de dois terços o pedido de Johnson, previamente rejeitado, de convocar eleições legislativas antecipadas em 12 de dezembro.
Eleições e fim do bloqueio
O líder conservador venceu as eleições com uma esmagadora maioria de 365 deputados em uma câmara de 650.
Em 20 de dezembro, Johnson apresentou à nova Câmara dos Comuns o projeto de lei, aprovado em 9 de janeiro de 2020. Ainda deve ser validado pela Câmara dos Lordes e depois promulgado pela rainha. Também deve ser ratificado pelo Parlamento Europeu em 29 de janeiro.
O Brexit
O divórcio acontecerá finalmente nesta sexta-feira às 23h (hora de Londres). Terá início um período de transição até 31 de dezembro de 2020, que pode ser prolongado a pedido do Reino Unido por um ou dois anos.