Israel reconheceu, nesta sexta-feira (15), que houve vítimas civis "inesperadas" em um ataque sobre Gaza, mas os bombardeios continuaram após o movimento islâmico lançar sete foguetes contra seu território. O cessar-fogo firmado nesta quinta-feira durou apenas algumas horas entre os dois lados, após dois dias de violência que resultaram, até agora, na morte de 34 palestinos.
Pouco antes da trégua militar entrar em vigor, as forças israelenses bombardearam a casa da família Abu Malhus na Faixa de Gaza.
As autoridades israelenses afirmaram que tinha como alvo Rasmi Abu Malhus, apresentando como um dirigente do movimento radical palestino Jihad Islâmica. Mas o grupo disse que este homem "não era um comandante" do movimento.
Neste ataque aéreo, além de Ramsi Abu Malhus, foram mortas duas mulheres e cinco crianças, segundo o Ministério da Saúde palestino.
"Segundo informações de que o Exército dispunha no momento do ataque, não estava previsto que (o bombardeio) causasse vítimas civis", afirmou a corporação em uma nota enviada à AFP, referindo-se ao bombardeio realizado nesta quinta-feira (14). "As forças armadas israelenses investiguem o dano causado a civis durante este ataque", acrescentou o Exército.
Sobreviventes do ataque, entre eles órfãos, foram transferidos para um hospital local.
— São inocentes e precisarão de tempo para se recuperar — disse à AFP Eid Abu Malhus, familiar das vítimas, enquanto tentava consolar um dos sobreviventes.
Após o controverso episódio, sete foguetes caíram em território israelense. Ao longo desta semana, mais de 450 projéteis caíram ali.
Os porta-vozes militares alertaram que esta "violação do cessar-fogo" justificavam os novos ataques aéreos. Segundo as forças israelenses, eles bombardearam "um centro de fabricação de foguetes" no sul de Gaza.
"Estamos dispostos a intervir tanto quanto for necessário contra qualquer tentativa de criar danos aos civis israelenses", disse o Exército. O bombardeio deixou pelo menos dois feridos, que foram hospitalizados no sul do enclave, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Nova onda de violência
A nova onda de violência na Faixa de Gaza se desencadeou principalmente pela morte, na terça-feira passada, de Baha Abu al Ata, comandante da Jihad Islâmica, em um ataque aéreo.
O Exército israelense lhe acusava de ser responsável pelo lançamento de foguetes e outros projéteis.
A trégua alcançada na quinta-feira sido negociada em Cairo, com mediação do emissário das Nações Unidas para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov. O Egito tem grande influência em Gaza e mantém relações oficiais com Israel.
Em uma tentativa de manter a calma, as manifestações palestinas de sexta previstas semanalmente em frente à fronteira com Israel foram suspensas. Esses protestos, chamados de "marcha do retorno", pedem todas as sextas o fim do bloqueio israelense e o retorno dos palestinos que tiveram que sair de suas casas em 1948, após a criação do Estado de Israel.