A corte eleitoral uruguaia anunciou nesta quinta-feira (28) que o vencedor das eleições presidenciais é o candidato do partido Nacional (blanco), Luis Lacalle Pou, 46 anos.
Depois de dias de uma contagem minuciosa dos chamados "votos observados", a oposição volta ao poder no Uruguai por uma diferença de cerca de 1% de votos — o escrutínio final será divulgado entre esta quinta-feira e sábado (30), porém a corte afirmou que a distância entre Lacalle Pou e o candidato governista, da centro-esquerdista Frente Ampla, é irreversível.
"Meu reconhecimento e agradecimento a todos os homens e mulheres que estiveram defendendo os votos e a democracia em cada mesa nos últimos dias", disse Lacalle Pou por meio de sua conta no Twitter.
Daniel Martínez reconheceu a derrota e disse que pretende se reunir com o vencedor nesta sexta-feira (29).
Lacalle Pou chega ao poder depois da segunda tentativa — na primeira, em 2014, perdeu no segundo turno para o atual presidente, o socialista Tabaré Vázquez, da coalizão de centro-esquerda, Frente Ampla.
Sua vice-presidente, Beatriz Argimón, 58 anos, é presidente do Partido Nacional e uma conhecida ativista da participação multipartidária das mulheres na política e também ativista dos direitos humanos e da família.
A eleição deste ano foi a mais apertada da história recente do Uruguai. As pesquisas, na reta final do pleito, mostravam uma tendência de diminuição da diferença entre ambos, embora dentro da margem de erro, quando um mês antes apontavam uma vitória de Lacalle Pou com vantagem de cinco a sete pontos percentuais. Pesquisas internas dos partidos, no sábado anterior ao voto, já mostravam que esta teria caído para 3 pontos.
A uma semana da eleição, havia 6% de indecisos. Segundo o analista político Daniel Chasquetti, parte destes, assim como parte dos eleitores de Lacalle Pou, "podem ter se assustado com a radicalização da mensagem de Manini Ríos, chamando os militares a não votarem na Frente Ampla".
O vídeo foi divulgado na última quinta-feira (21), durante o período em que era proibido fazer propaganda política. O ex-general Manini Ríos, de direita, foi candidato no primeiro turno e, no segundo, estava apoiando Lacalle Pou.
O presidente eleito advertiu Manini Ríos no próprio dia das eleições e afirmou que "coisas assim não podem ocorrer no Uruguai". Ao longo desta semana, veio a punição mais grave. Nem Manini Ríos nem ninguém de seu partido, que obteve 10% dos votos no primeiro turno, ocupará nenhum ministério.
Dos outros três partidos que formam a coalizão opositora que derrotou a Frente Ampla, quem deve ter maior participação é o também tradicional partido Colorado (que possui uma linha liberal-conservadora e outra mais progressista, a chamada linha batllista, por conta do legado de seu mais importante líder, Batlle y Ordoñez).
O ministro das Relações Exteriores será Ernesto Talvi, que foi o terceiro colocado no segundo turno e na quarta-feira (27) aceitou o convite de Lacalle Pou para o posto. Os colorados podem ficar ainda com outras pastas-chave, como o Ministério do Interior e a Secretaria da Presidência.