Cinco cocaleiros leais ao ex-presidente boliviano Evo Morales morreram nesta sexta-feira (15) em violentos confrontos com a Polícia e militares em Sacaba, nos arredores de Cochabamba, na Bolívia.
A Defensoria Pública boliviana confirmou os nomes de quatro dos mortos. Três deles, Juan López, Emilio Colque e César Cipe, são sindicalistas ligados ao partido de Evo Morales. Omar Calle, outra das vítimas fatais, não tem relação com movimentos políticos. Uma quinta vítima não foi identificada. De acordo com a Defensoria Pública, outras 29 pessoas ficaram feridas.
Jerjes Justiniano, ministro da Defesa do governo interino do país, confirmou os números e lamentou as mortes.
— A pacificação do país é essencial. Convocamos a todos os setores para a pacificação do país, sentar em uma mesa de diálogo.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou em um comunicado o "uso desproporcional da força policial e militar". Milhares de cocaleiros provocaram durante quase todo o dia as forças policiais que impediam sua passagem pela ponte Huayllani, quando tentavam chegar à cidade de Cochabamba, a 18 km de distância, para se opor ao governo interino da presidente interina Jeanine Áñez, sucessora de Morales, que está asilado no México.
A CIDH informou ainda que "as armas de fogo devem estar excluídas dos dispositivos utilizados pelo controle dos protestos sociais". Os manifestantes "portavam armas, portavam escopetas, coquetéis molotov, bazucas caseiras e artefatos explosivos", razão pela qual foram detidas mais de cem pessoas, segundo o comandante da Polícia de Cochabamba, coronel Jaime Zurita.
— Estão usando dinamite e armamento letal como (fuzis) Mauser 765. Nem as forças armadas, nem a polícia têm esse calibre, por isso estou alarmado — acrescentou Zurita.
A tropa de choque da Polícia, apoiada por militares e um helicóptero, dispersou os manifestantes de noite.
Os conflitos sociais que estouraram um dia depois da vitória de Morales nas eleições de 20 de outubro, após denúncias sobre uma suposta fraude, deixaram até o momento dez mortos, mais de 400 feridos e 500 detidos, segundo a contagem oficial. Os primeiros protestos foram protagonizados por opositores de Morales, mas agora são os partidários do ex-presidente que se manifestam contra Áñez.