Dizendo-se preocupado com a situação política da América Latina, o presidente Bolsonaro não comentou diretamente o não reconhecimento "no momento", pelo Brasil, do resultado das eleições bolivianas, que deram vitória em primeiro turno a Evo Morales, que chega ao quarto mandato consecutivo.
— A América Latina tem que estar estável. Nós nos preocupamos. Espero que o futuro presidente da Argentina esteja alinhado com os rumos do Mercosul, a abertura do mercado. Com as cláusulas democráticas do Mercosul, coisa que a Venezuela não vinha fazendo. Nem era para ter entrado no Mercosul. A preocupação existe, com o Chile. Estamos colaborando, na medida do possível, com a estabilidade democrática. O Brasil é muito importante para a América do Sul — afirmou Bolsonaro, ao deixar cerimônia de entrega de flores em monumento aos mártires militares dos Emirados Árabes Unidos, onde chegou neste sábado.
A contagem de votos do pleito presidencial boliviano foi questionada pela Organização de Estados Americanos (OEA) e por Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Argentina e União Europeia.
Na China, etapa anterior da viagem presidencial, Bolsonaro colocou o processo eleitoral boliviano em dúvida, mas foi comedido nas declarações.
O presidente brasileiro tem demonstrado pragmatismo durante sua viagem à Ásia, priorizando acordos econômicos. Com a Bolívia, o Brasil mantém conversas para a venda de aviões.
Além disso, parte da indústria nacional depende do gás importado do país vizinho.
Em 2018, as exportações brasileiras para a Bolívia aumentaram em 3,2%, de US$ 1,5 bilhão para US$ 1,6 bilhão, enquanto as importações cresceram em 18%, de US$ 1,4 bilhão para US$ 1,7 bilhão em relação a 2017.
O presidente também tem se manifestado, durante a viagem, sobre os outros países citados em sua resposta deste sábado. No Japão, aventou a possibilidade de a Argentina ser suspensa do bloco caso a oposição vença a eleição presidencial no país e se oponha à abertura pregada pelo Brasil.
Sobre a crise no Chile, em que protestos levam milhares às ruas a mais de uma semana, o presidente culpou na segunda-feira (21) a esquerda da América do Sul.
Segundo ele, o problema no país vizinho começou com o fim da ditadura de Augusto Pinochet, nos anos de 1990, e com a ascensão ao poder de políticos de esquerda.
O presidente afirmou também no começa da semana que há um movimento unificado de partidos de esquerda para desestabilizar os governos de Peru, Equador e Chile.
A visita aos Emirados Árabes Unidos é a terceira etapa de viagem presidencial que começou pelo Japão, continuou pela China e deve ainda passar pelo Catar e pela Arábia Saudita.