Joaquín "El Chapo" Guzmán, condenado à prisão perpétua na última quarta-feira (17), entrou com um recurso contra sua sentença e do veredito que o considerou culpado de traficar toneladas de drogas aos Estados Unidos. Seu novo advogado, Marc Fernich, entrou com a apelação na última quinta-feira (18), um dia após sua sentença, segundo documentos judiciais publicados nesta segunda-feira (22). A decisão, que será tomada por um juiz de apelação, pode levar até um ano.
— Guzmán tem fortes argumentos para apelar — disse Fernich à AFP — Vamos lutar para que sua condenação seja anulada e estamos confiantes de que conseguiremos isso — acrescentou.
Em 12 de fevereiro, após um julgamento extraordinário de três meses em um tribunal federal no Brooklyn, nos Estados Unidos, El Chapo foi considerado culpado dos 10 crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e uso de armas de fogo pelas quais foi acusado.
Protagonista de duas fugas de prisões mexicanas, desde a última sexta-feira (19), El Chapo cumpre pena no presídio ADX Florence, no meio do deserto montanhoso do Colorado, considerado o mais seguro do país.
O governo americano alega que o criminoso introduziu ou tentou introduzir 1.213 toneladas de drogas nos Estados Unidos durante 25 anos, além de 1,44 tonelada de base de cocaína, 222 kg de heroína, cerca de 50 toneladas de maconha e grandes "quantidades" de metanfetamina.
— Este caso foi simplesmente uma inquisição, foi um show — disse outro advogado do Chapo, Jeffrey Lichtman, após a sentença. — Soubemos que até cinco jurados infringiram a lei, violaram a lei enquanto julgavam Guzmán e no entanto, não pudemos sequer ter uma audiência para determinar o que aconteceu — acrescentou.
Lichtman estava se referindo a um jurado que disse, mantendo o anonimato, à Vice News que ele e outros leram notícias e acessaram redes sociais durante o julgamento, algo que o juiz havia proibido.
— Se tivéssemos essa audiência, teria sido caótico e estaríamos de volta aqui para uma segunda rodada — concluiu.
No dia seguinte à sentença, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que estava "comovido" pela situação de Chapo e que lamentava por ele estar preso.
— Lamento muito que disso aconteça, eu não quero que ninguém fique na cadeia, que ninguém sofra. Eu sou um idealista — afirmou López Obrador.
— Quando todas essas coisas que acontecem terminam em condenações como esta, numa sentença de prisão perpétua, em uma prisão hostil, dura, desumana, isso me comove — declarou o presidente, acrescentando que também se solidariza "com as muitas vítimas" da violência das drogas.