A polícia peruana deteve nesta quarta-feira (10) o ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, chamado de PPK, acatando uma decisão judicial emitida mais cedo ordenando sua prisão preventiva por 10 dias. Eleito em 2016, ele renunciou ao cargo dois anos depois devido a acusações de envolvimento no escândalo da empreiteira brasileira Odebrecht.
Também foram emitidas ordens de prisão para sua ex-secretária, Gloria Kisic Wagner, e para o funcionário de seu governo José Luis Bernaola Ñuflo. Desta maneira, o Peru bate o recorde de ex-presidentes respondendo a processos pelo caso Odebrecht.
Além de Ollanta Humala (2011-2016), que ficou preso por um ano em 2017 e agora responde a processo em liberdade condicional, Alejandro Toledo (2001-2006) está foragido da Justiça e Alan García (2006-2011), também acusado, tentou deixar o Peru pedindo asilo ao Uruguai, mas a solicitação foi negada. García está impedido de deixar o país enquanto a investigação estiver em curso.
PPK cumprirá a sentença de prisão na sede policial da Divisão de Investigações de Alta Complexidade (Diviac) em Lima.
Em declarações a meios de comunicação no Peru e na Colômbia, ele disse ser vítima de uma "perseguição".
— Há uma perseguição aqui, respondi à procuradoria todas as vezes que fui (convocado). O pessoal da Odebrecht foi muito claro sobre eu não ter nada a ver com essas acusações e, bem, verei o que eles estão tentando me dizer agora. Não posso dizer mais nada — afirmou em comunicado à uma rádio da Colômbia.
Ele havia renunciado em março de 2018, quando o Congresso peruano votaria pela segunda vez uma moção de vacância para afastá-lo do cargo.
O ex-presidente é acusado de receber mais de US$ 5 milhões por supostos serviços de consultoria para a empreiteira brasileira entre 2004 e 2013 (durante o período, ocupou cargos de confiança na gestão Toledo) e outros US$ 300 mil em caixa dois para a campanha na eleição presidencial de 2011, na qual terminou em terceiro lugar.
Complicaram sua situação a divulgação de vídeos em que o deputado Kenji Fujimori, filho do ex-presidente Alberto Fujimori, aparece oferecendo dinheiro a deputados para que votassem a favor de PPK e contra a vacância.
Assim, antes mesmo de a segunda moção de vacância ser votada, PPK decidiu renunciar. Ele já vinha sendo investigado pelas acusações e tinha seu passaporte confiscado.