O Congresso peruano não conseguiu votos suficientes para o impeachment do presidente Pedro Pablo Kuczynski por "incapacidade imoral". Para a aprovação do processo, eram necessários 87 votos dos parlamentares. No entanto, após mais de 14 horas de sessão, o plenário contabilizou 78 votos a favor da saída do presidente peruano, 19 contra e 21 abstenções.
O processo foi aberto dias depois de a empreiteira brasileira Odebrecht revelar o pagamento de propinas milionárias a empresas ligadas a ele. Kuczynski e seu advogado, Alberto Borea, falaram ao Congresso durante duas horas e 20 minutos.
– Venho demonstrar minha inocência porque, aparentemente, sou obrigado a isso. Não gozo da presunção de inocência, muitos aqui se posicionaram sem me ouvir – disse o presidente de 79 anos ao iniciar sua defesa no plenário.
Ele também afirmou que é um homem honesto, e que jamais recebeu propina ou benefícios.
– Está em suas mãos salvar a democracia ou afundá-la por muito tempo. Nem a minha empresa, nem eu fomos contratados pelo Estado peruano. Jamais caí em conflito de interesses. O dano não farão a mim, farão ao Peru – disse Kuczynski ao encerrar sua defesa ante o plenário do Congresso, após a explanação de seu advogado.
Kuczynski , conhecido como PPK, negava desde antes de assumir o mandato, em 28 de julho de 2016, que tivesse vínculos com a Odebrecht, até que foi desmentido pela própria empresa.
A Odebrecht admitiu ter pago 29 milhões de dólares em propina no Peru entre 2004 e 2015, período que abarcou os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), no qual Kuczynski foi ministro, Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
O empresário alega que nunca recebeu pagamentos ilegais da empresa brasileira. Diante do Congresso, PPK afirmou que enquanto era ministro não tinha comunicação com seu sócio para evitar conflitos de interesse.