O líder norte-coreano Kim Jong Un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegaram a Hanói nesta terça-feira (26) para o seu segundo encontro de cúpula, na qual se espera um progresso quanto à vaga declaração assinada em sua reunião anterior.
Após o histórico encontro de junho do ano passado em Singapura com o presidente americano, que terminou com um simples comunicado sobre a desnuclearização, analistas consideram que este segundo encontro deve resultar em medidas mais concretas sobre o desmantelamento do arsenal de Pyongyang.
Kim Jong Un chegou ao país asiático sob fortes medidas de segurança, e foi recebido por uma multidão entusiasmada.
A normalmente tranquila estação vietnamita de Dong Dang, na fronteira com a China, se preparou para a chegada de Kim após um périplo de 4 mil quilômetros a bordo de um trem blindado cor verde oliva que partiu de Pyongyang. Trata-se da primeira viagem de um dirigente norte-coreano ao Vietnã desde a de seu avô, Kim Il Song, em 1964.
Uma guarda de honra militar recepcionou Kim, que caminhou por um tapete vermelho ao lado de auxiliares e seguranças. Vários estudantes agitando bandeiras norte-coreanas aguardavam o número um do regime na entrada da estação. Vestido com seu traje tradicional ao estilo Mao, Kim saudou a multidão, antes de subir em um veículo e partir em comboio para Hanói.
Ao chegar à capital vietnamita, o líder norte-coreano foi aplaudido pela multidão que aguardava a passagem da caravana atrás das cercas de segurança nas proximidades da Ópera. Kim seguiu para o hotel Melia, onde ficará hospedado durante a semana. Após algumas horas de descanso, Kim visitou a embaixada norte-coreana e retornou para o hotel.
Trump chegou depois de Kim no avião presidencial Air Force One, que pousou pouco antes das 21h local (11h de Brasília) no Aeroporto Internacional Noi Bai.
O mandatário dos EUA quis se mostrar otimista com relação ao encontro, assegurando na segunda-feira (25), via Twitter, que espera com impaciência "uma cúpula muito produtiva".
Sobre o encontro foram divulgados pouco detalhes. Os dois dirigentes vão jantar juntos na noite de quarta-feira (27), acompanhados de alguns de seus conselheiros, indicou à imprensa a bordo do Air Force One a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.
O que é desnuclearização?
Kim e Trump estiveram juntos no ano passado em Singapura, quando terminaram com uma vaga declaração sobre os esforços de Pyongyang para avançar ao desarmamento nuclear, mas sem prazos ou metas claros. A falta de avanços desde então provocou ceticismo entre muitos analistas.
Stephen Biegun, emissários dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, reconheceu recentemente que Washington e Pyongyang não chegaram a um acordo sobre o significado da desnuclearização.
O governo dos Estados Unidos pediu em várias ocasiões um desarmamento nuclear completo, verificável e irreversível da Coreia do Norte. Mas para Pyongyang, o desmonte de seu programa nuclear deve ser acompanhado pela suspensão das sanções internacionais contra o regime.
No entanto, durante uma cerimônia realizada domingo (24) na Casa Branca, Trump parecia interessado em reduzir as expectativas de um acordo global.
— As sanções continuam, tudo continua como está, mas temos um sentimento especial e acho que isso levará a algo bom. Mas talvez não — disse ele.
Ele repetiu que não tem pressa em convencer o Norte a renunciar ao arsenal nuclear, enquanto o país continuar sem testar mísseis.
— Não quero apressar ninguém — disse.
No Congresso, no entanto, as pressões aumentam constantemente para que o chefe da Casa Branca adote uma postura mais firme. O influente senador Marco Rubio, por exemplo, pediu que Washington "maximize" as pressões sobre Pyongyang.
— Os negociadores americanos devem pressionar por um acordo forte que desmantele completamente, de forma verificável e irreversível, os programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte — disse ele em um comunicado divulgado logo após o avião de Trump decolar para o Vietnã.
A Coreia do Norte assegura que já fez gestos na direção da desnuclearização, como o congelamento dos teste de mísseis ou bombas nucleares durante mais de um ano, além da destruição dos acessos às instalações onde realizava testes nucleares.