A tensão política na Venezuela chegou segue impactando no trabalho da imprensa estrangeira: dois jornalistas franceses, dois colombianos e um espanhol permanecem detidos nesta quinta-feira (31). Dois chilenos, que ficaram 14 horas sob custódia das autoridades, foram deportados na quarta-feira (30).
A diretora da agência espanhola EFE na Venezuela, Nélida Fernández, disse que três repórteres da empresa estão detidos desde quarta, em Caracas: os colombianos Leonardo Muñoz (fotógrafo) e Mauren Barriga (cinegrafista) e o repórter espanhol Gonzalo Domínguez, que chegaram a capital venezuelana em 24 de janeiro. Barriga e Domínguez ficaram sob custódia de agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), que os aguardavam no hotel em que estavam hospedados, explicou Nélida.
Fontes diplomáticas confirmaram que os franceses Pierre Caillé e Baptiste des Monstiers, repórteres do Quotidien - um popular programa do canal de televisão TMC - também foram interceptados quando gravavam imagens dos arredores do Palácio presidencial de Miraflores. Eles foram detidos junto com seu produtor no país, Rolando Rodríguez, segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, em espanhol) da Venezuela.
"Perdemos o contato com eles" quando cobriam uma vigília em apoio ao presidente Nicolás Maduro, acrescentou o sindicato.
"Dois jornalistas da nossa equipe foram presos ontem na Venezuela. Estavam lá para cobrir a crise política (...) É difícil dizer mais por conta do risco de piorar a situação. Pensamos neles", reportou o Quotidien pelo Twitter.
Na terça-feira (29) à noite, também foram detidos nas proximidades de Miraflores dois repórteres do canal público chileno TVN, Rodrigo Pérez e Gonzalo Barahona, junto com os comunicadores venezuelanos Maikel Yriarte e Ana Rodríguez, que os acompanhavam. O governo de Maduro ordenou a deportação de Pérez e Barahona depois de "inexplicáveis 14 horas de prisão", segundo o chanceler chileno, Roberto Ampuero.
Yriarte e Rodríguez foram previamente libertados. Yriarte disse que as autoridades alegaram que os repórteres estavam em uma "zona de segurança". Já Ampuero escreveu no Twitter que "é o que as ditaduras fazem: pisotear a liberdade de imprensa, silenciar a liberdade com violência. Apenas agradecer pelos nossos compatriotas voltarem ao Chile sãos e salvos".
Vários jornalistas estrangeiros foram presos ou deportados nos últimos anos por não terem permissão para trabalhar na Venezuela.
Repercussão
O governo da Espanha exigiu nesta quinta-feira (31) que o governo da Venezuela liberte "imediatamente" a equipe da agência espanhola de notícias EFE.
"O governo exige novamente das autoridades venezuelanas o respeito ao Estado de Direito, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, das quais a liberdade de imprensa é um elemento central", afirma um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores.
Na terça-feira (29), em um comunicado, a organização Repórteres Sem Fronteiras denunciou "atos de violência das forças de ordem contra jornalistas" nacionais e estrangeiros que cobrem a onda de protestos da oposição vivida no país desde 21 de janeiro.