A tensão política na Venezuela chegou à imprensa estrangeira: dois jornalistas franceses estão detidos desde o meio-dia de terça-feira e dois chilenos serão deportados nesta quarta-feira (30), após passarem 14 horas sob a custódia das autoridades.
Pierre Caillé e Baptiste des Monstiers, repórteres do Quotidien - um popular programa do canal de televisão TMC -, foram interceptados quando gravavam imagens dos arredores do Palácio presidencial de Miraflores, confirmaram fontes diplomáticas à AFP.
Os jornalistas franceses foram detidos junto com seu produtor no país, Rolando Rodríguez, denunciou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, em espanhol) da Venezuela.
"Perdemos o contato com eles" quando cobriam uma vigília em apoio ao presidente Nicolás Maduro, acrescentou o sindicato.
"Dois jornalistas da nossa equipe foram presos ontem na Venezuela. Estavam lá para cobrir a crise política (...) É difícil dizer mais por conta do risco de piorar a situação. Pensamos neles", reportou a conta no Twitter do Quotidien.
Na terça-feira à noite também foram detidos nas proximidades de Miraflores dois repórteres do canal público chileno TVN, Rodrigo Pérez e Gonzalo Barahona, junto com os comunicadores venezuelanos Maikel Yriarte e Ana Rodríguez, que os acompanhavam.
O governo de Maduro ordenou a deportação de Pérez e Barahona depois de "inexplicáveis 14 horas de prisão", informou o chanceler chileno, Roberto Ampuero. Yriarte e Rodríguez foram previamente libertados.
Yriarte disse que as autoridades alegaram que os repórteres estavam em uma "zona de segurança".
"É o que as ditaduras fazem: pisotear a liberdade de imprensa, silenciar a liberdade com violência. Apenas agradecer pelos nossos compatriotas voltarem ao Chile sãos e salvos", escreveu Ampuero no Twitter.
Pérez e Barahona deixarão a Venezuela às 19h20 desta quarta-feira (21h20 de Brasília) em um voo da Copa Airlines via Panamá, informou o SNTP.
Vários jornalistas estrangeiros foram presos ou deportados nos últimos anos por não terem permissão para trabalhar na Venezuela.
Na véspera, em um comunicado, a Repórteres Sem Fronteiras denunciou "atos de violência das forças de ordem contra jornalistas" nacionais e estrangeiros que cobrem a onda de protestos da oposição vivida no país desde 21 de janeiro.
* AFP