Milhares de argentinos se manifestaram nesta sexta-feira (30) contra a cúpula do G20 em uma Buenos Aires praticamente deserta e sob um forte dispositivo de segurança que limitou ao mínimo o serviço de transporte público. Com grandes cartazes com dizeres como "Fora Trump" e "Fora FMI", os manifestantes percorreram pacificamente alguns quarteirões da Avenida 9 de Julho, cujas ruas adjacentes foram bloqueadas com cercas metálicas, sob a vigilância de 2,5 mil agentes de segurança.
O trajeto foi acertado com as autoridades e terminou em frente ao Congresso da Nação sem registro de incidentes.
— Viemos nos manifestar, repudiar os representantes das potências imperialistas e queremos que saibam que não são bem-vindos em nosso país — disse Florence di Llelo, que marcha com o Partido dos Trabalhadores Socialistas.
— Na Argentina eles querem fazer passar um ajuste terrível. Querem mostrar uma cidade sitiada quando o clima de repressão está sendo instalado pelo governo para impedir que as pessoas se mobilizem — acrescentou.
Devido à cúpula do G20, esta sexta-feira foi declarada feriado e suspenderam o serviço de metrô e de trens, que vão principalmente à periferia de Buenos Aires.
Na cidade, poucas lojas abriram, e escolas e universidades permanecem fechadas. À frente do cortejo, que ocupou seis quadras da Avenida 9 de Julho, a mais larga da capital argentina, estavam líderes de organismos de defesa dos direitos humanos. A maioria dos manifestantes foi mobilizada por partidos de esquerda e movimentos antiglobalização.
Caminhonetes blindadas das forças de segurança foram enviadas para evitar que os manifestantes se desviassem do trajeto combinado.
— Acreditamos que o G20 atenta contra o país. Os líderes dizem que quando os trabalhadores param, o país perde dinheiro. Agora existem importantes gastos na organização do G20 para que eles circulem livremente — criticou Matías Gómez, delegado de uma cooperativa.
"Querem guerra, não lhes daremos paz", dizia um grande cartaz, exibido por várias mulheres que tinham pintadas no peito nu as bandeiras dos países participantes da cúpula. Atrás delas, seguiam ativistas com máscaras brancas.
Um helicóptero sobrevoou a marcha, na qual entoaram-se cânticos contra "o imperialismo, as guerras e a fome que mata os povos".
Moradores e manifestantes demonstraram irritação com a desmedida operação que cortou o centro da cidade em dois.
— É excessivo porque o povo tem direito de se manifestar e reivindicar de suas autoridades e neste caso expressar suas queixas contra os líderes do mundo — disse Félix Fleitas, do grupo ambientalista Emancipación Sur.
Em plena crise econômica e depois de assinar um acordo de US$ 56 bilhões com o Fundo Monetário Internacional, a Argentina se viu sacudida este ano por múltiplas manifestações em massa pedindo melhores salários e fazendo outras reivindicações.
Em 2018, houve, além disso, duas greves gerais contra a política econômica do governo Macri.