O fenômeno climático Michael, que chegou à Flórida na quarta-feira (11), nos Estados Unidos, em dois dias saiu de tempestade tropical para um furacão de categoria 4, com ventos de 250 km/h. De acordo com Phillip Klotzbach, cientista pesquisador do Departamento de Ciência Atmosférica da Universidade Estadual do Colorado, Michael "surpreendeu todas as previsões". Ao menos duas pessoas morreram vítimas do furacão, uma na Flórida e outra na Geórgia. Estima-se que 375 mil pessoas de mais de 20 condados receberam ordens de evacuação, obrigatória ou voluntária.
É a primeira vez que um furacão atinge o território continental dos Estados Unidos com esta velocidade no mês de outubro. A temporada de furacões vai de junho até novembro. Os ventos são os mais intensos desde o furacão Andrew, de 1992, e apenas outras duas tormentas na história dos registros meteorológicos dos Estados Unidos registraram ventos mais fortes: em 1935 e 1969.
Os meteorologistas usam outra medida para avaliar a intensidade de um furacão: a pressão central. Para Klotzbach, esta medida é a mais precisa para fazer comparações históricas, pois pode se medir exatamente com um aparelho que voa para o centro do olho da tempestade, embora "o vento varie nas diferentes partes do furacão".
— A pressão dá uma ideia do tamanho da tormenta — acrescenta.
Nesta escala, Michael é, com seus 919 milibares de pressão central, o furacão mais violento em 49 anos, depois do furacão Camille em 1969. Assim, é superior ao Katrina (2005) e ao Andrew, e é o terceiro furacão mais devastador na história continental do país, atrás do recorde estabelecido pelo furacão do Dia do Trabalho, em 1935.
Em qualquer caso, não importa qual é a medida usada, Michael está entre os furacões mais poderosos da história recente junto com Camille, em 1969; Andrew, em 1992; e Katrina, em 2005.
A estimativa muda se levar em conta Porto Rico, o território insular americano no Caribe, devastado pelo furacão Maria no ano passado. O número de mortos em 2017 foi elevado a 2.975, na tempestade e por suas consequências, ante as falhas nas redes de serviços de saúde e atendimento público.
Em termos de danos, 2017 foi o ano com piores consequências de furacões nos EUA. Além dos territórios caribenhos, vários Estados da costa norte-americana foram atingidos por furacões poderosos que se moviam lentamente e despejavam chuvas recorde.
Grandes cidades como Houston ficaram debaixo d'água, com prejuízos de 300 bilhões de dólares, segundo estimativas. A soma dos danos em 2018, que parecia calmo até a chegada de Michael e Florence no mês passado, ainda não está fechada. Espera-se que o impacto do fenômeno Michael seja principalmente devido aos ventos, mais que pela chuva.