Vídeos que mostram o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em um banquete de carne servido pelo famoso chef Salt Bae em Istambul, viralizaram nas redes sociais e causaram indignação na última segunda-feira (17) na Venezuela, que sofre com intensa crise política e econômica.
— Isso aqui é só uma vez na vida — comenta Maduro, junto à sua mulher, Cilia Flores, enquanto o cozinheiro turco Nusret Gökçe, apelidado Salt Bae, corta pedaços de carne em um de seus restaurantes, onde já atendeu celebridades como Leonardo Di Caprio e Cristiano Ronaldo.
Em um dos vídeos no restaurante, Maduro fuma um charuto retirado de uma caixa com seu nome em um prato de ouro e recebe uma camiseta com a imagem do chef. O valor por pessoa nos restaurantes Salt Bae custa entre 70 e 250 dólares, segundo a mídia especializada. Isso representa entre dois e oito meses do salário mínimo na Venezuela, de acordo com a cotação oficial.
— Comer carne e fumando charutos (...) com os dólares que eles se recusam a comprar medicamentos e alimentos — denunciou o dissidente Nicmer Evans, referindo-se à grave escassez na Venezuela.
O líder socialista retornou a Caracas na manhã de segunda-feira da China, para onde viajou na última quinta-feira em busca de financiamento. Ele confirmou que parou em Istambul para participar de um convite para almoçar com as autoridades turcas.
— O chavismo está pedindo dinheiro emprestado da China porque você não precisa pagar dívidas e depois ir a restaurantes de luxo — criticou o especialista em mídia digital Luis Carlos Diaz no Twitter.
Mais cedo, ao transmitir as gravações nas redes sociais, Salt Bae agradeceu ao presidente pela visita. Ele deletou as fotos com o venezuelano do Instagram após as imagens viralizarem.
Crise
Desde os últimos anos do governo de Hugo Chávez, que morreu de câncer em março de 2013, a Venezuela sofre com intensa crise política e econômica.
Maduro aumentou o salário mínimo, que anteriormente mal chegava a um quilo de carne, em 3.400% e fixou os preços da cesta básica, agravando a escassez de insumos, já que os produtores alegam que não conseguem cobrir os custos de produção.
Segundo estudo realizado pelas principais universidades do país, 60% dos venezuelanos perderam uma média de 11 quilos, devido a uma dieta com excesso de farinha e falta de proteína.
Com protestos constantes, inflação em 8.878,1% nos últimos 12 meses e falta de produtos básicos, como remédios e alimentos, criou-se novo fluxo imigratório de venezuelanos em direção a nações vizinhas.