Reagiu bem e rápido o Itamaraty e seus parceiros do chamado Grupo de Lima em rejeitar as declarações do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o uruguaio Luis Almagro, que falou em "intervenção militar" e "uso da força" na Venezuela.
À frente de 11 dos 14 países do grupo, o Brasil afirmou, em nota, que as nações "expressaram sua preocupação e seu rechaço a qualquer curso de ação ou declaração que implique uma intervenção militar ou exercício da violência, a ameaça ou o uso da força na Venezuela".
A mensagem foi assinada por Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. O grupo foi criado em 2017 para buscar uma resolução para a crise no país de Nicolás Maduro.
Esta é a primeira vez que o Grupo de Lima e Almagro discordam publicamente sobre a questão venezuelana. Em geral, o líder da OEA apoia os gestos e os pedidos da organização. Desta vez, apesar do forte viés opositor do grupo de nações ao regime de Maduro no contexto dos governos de centro-direita, prevaleceu o bom senso.
Não é de hoje que a OEA é uma instituição com forte influência dos Estados Unidos, seu principal financiador e cuja sede fica em Washington. Arroubos belicosos como os de seu secretário-geral trazem ecos dos piores momentos da história de intervenções americanas – explícitas ou por procuração – na América Latina.
A crise venezuelana exige diálogo. Não soluções simplistas como a proposta por Almagro. E o Brasil tem, como maior potência latino-americana, obrigação moral de liderar esse processo de negociação.