Longas filas de carros avançavam na terça-feira (11) pelas estradas de uma ampla região da costa leste dos Estados Unidos para fugir do Florence, um furacão potencialmente devastador que levou as autoridades a ordenarem a saída de mais de um milhão de pessoas.
Diante do risco de chuvas torrenciais, fortes ventos e inundações, os estados da Carolina do Norte e do Sul e a Virgínia, os mais ameaçados, foram declarados em estado de emergência, assim como Maryland e a capital federal, Washington DC.
As pistas de várias rodovias foram fechadas para permitir um tráfego mais livre, em virtude de 1,7 milhão de pessoas nas Carolinas e na Virgínia terem recebido ordens de evacuação voluntária e obrigatória, de acordo com a Agência Federal para o Manejo de Emergências (FEMA).
A tempestade atualmente se move pelo Oceano Atlântico até a costa, onde deve tocar terra na quinta-feira (13). Em seu último relatório, das 17h (18h de Brasília), o Centro Nacional de Furacões (NHC, em inglês) disse que Florence seguia avançando como uma tempestade de categoria 4, de um máximo de 5 na escala de Saffir-Simpson, com ventos sustentados de 220 km/h e rajadas mais fortes.
O NHC previu um fortalecimento adicional esta noite e na quarta-feira (12), e um enfraquecimento na quinta, mas advertiu que, ainda assim, Florence será um furacão "extremamente perigoso". Da Casa Branca, o presidente Donald Trump pediu que a população obedeça as ordens de evacuação, insistindo que "se pedirem a vocês que vão embora, saiam".
— Esta será uma tempestade muito maior do que vimos em décadas — declarou Trump, destacando a preparação do governo.
O governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, urgiu às pessoas nas áreas especificadas de evacuação que "saiam agora".
— Essa é uma tempestade da qual as pessoas têm que fugir — assinalou Cooper — Essa é uma tormenta que é histórica, algo que acontece talvez uma vez na vida — detalhou.
Washington em emergência
O rio Potomac, que ladeia a capital federal, já estava aumentando de nível nesta terça-feira e suas águas alagaram a cidade de Alexandria, no estado vizinho da Virgínia, onde as autoridades entregavam sacos de areia à população para que se protegessem do aumento do nível.
O estado de emergência declarado nas áreas afetadas, ratificado por Trump, permite liberar fundos federais. O presidente disse que havia falado com os respectivos governadores e que "o governo federal está pronto para ajudar".
A emergência declarada nesta terça para Washington DC pela prefeita Muriel Browser, vigente por 15 dias, citou previsões para Florence de "fortes ventos, chuva e aumento da maré" com "graves efeitos generalizados na região".
A última vez que Washington DC declarou estado de emergência foi em janeiro de 2016, quando uma tempestade de inverno chamada "Snowzilla" deixou a capital e seus arredores com neve até o joelho.
A Armada americana indicou que se preparava para enviar mar adentro 30 navios estacionados na Virgínia.
"Uma coberta e um travesseiro"
Em Charleston, cidade portuária e importante centro turístico, a rota 26 terá circulação em apenas um sentido, na direção norte, para facilitar as saídas. Outros optaram por ir na direção sul, para os estados de Geórgia e Flórida.
Michael Kennedy, um engenheiro da Boeing, disse que iria para Atlanta, onde seus pais moram. Sua companheira, Emily Whisler, foi convocada pela Universidade de Medicina da Carolina do Sul, onde trabalha como residente em um programa de psiquiatria. "Me disseram para trazer uma coberta e um travesseiro, ficarei lá por vários dias", afirmou.
Outros, como William Belli, escolheram ficar em casa e aproveitar a calma que invadiu o centro da cidade de arquitetura colonial.
— Não estou nem um pouco preocupado — disse Belli, cuja casa não ficou danificada pelo furacão Hugo, que devastou o estado e matou 20 pessoas em 1989.
Segundo ele, o governador da Carolina do Sul, Henry McMaster, "reagiu de forma exagerada" ao ordenar a evacuação.
Entre agosto e setembro de 2017, três potentes furacões, Harvey, Irma e Maria, causaram a morte de milhares de pessoas e deixaram danos de bilhões de dólares no Caribe e no sudeste dos Estados Unidos.