O procurador que investiga as denúncias de abusos sexuais na Igreja chilena confirmou nesta segunda-feira (30) que houve destruição de provas por parte de religiosos, em uma tentativa de atrapalhar as investigações.
O procurador Emiliano Arias apontou "que dentro das graves anomalias que eles puderam detectar foi possível observar destruição de antecedentes por parte daqueles que se encontravam encarregados dos arquivos".
— Isso já se encontra em investigação e agora falta determinar quem destruiu especificamente e os antecedentes — acrescentou o procurador.
Há meses a Igreja católica chilena tem sido alvo de uma série de denúncias de abusos sexuais e seu acobertamento. Há duas semanas, foi preso o sacerdote Óscar Muñoz, auxiliar direto do cardeal da capital, Ricardo Ezzati, que se declarará culpado ante o procurador Arias no próximo 21 de agosto.
De acordo com relatório entregue há uma semana pela Procuradoria Nacional, no total 158 bispos, sacerdotes e laicos foram ou estão sendo investigados por abusos sexuais no Chile desde 1960.
A procuradoria registrou, ainda, 266 pessoas — 178 delas crianças e adolescentes — que foram vítimas de abusos sexuais por membros ligados à Igreja Católica, e mantém em curso 36 investigações, enquanto 108 já foram concluídas.
Em uma primeira declaração sobre o tema, o presidente Sebastián Piñera disse neste final de semana que as autoridades da Igreja Católica chilena "poderiam e deveriam" ter evitado muitos abusos.
— Poderiam e deveriam ter evitado muito sofrimento a crianças chilenas e isso também me dói profundamente — disse o presidente em uma entrevista com a Associação Regional de Canais de Televisão (Arcatel).